Fabio Quagliarella. Golos, raparigas nuas, máfia e drogas ao longo da carreira

Fabio Quagliarella. Golos, raparigas nuas, máfia e drogas ao longo da carreira

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Fabio Quagliarella. Golos, raparigas nuas, máfia e drogas ao longo da carreira

A história dramática do veterano atacante de 36 anos da Sampdoria, que acabou a temporada de 2018/19 como melhor marcador da liga italiana.

Artigo de André Cruz Martins

27-05-2019

Aos 36 anos, Fabio Quagliarella, ponta de lança da Sampdoria, atravessa um dos melhores períodos da carreira. O veterano avançado acabou a temporada de 2018/19 como melhor marcador da liga italiana, com 26 golos. Duvan Zapata (Atalanta) ficou em segundo lugar, com 23 golos, mais um que Krzysztof Piatek (AC Milan), terceiro classificado. Ronaldo apontou apenas 21, o que o afastou do pódio dos goleadores.

Para além de passar por um momento de grande fulgor dentro de campo, o internacional italiano passa por uma fase bastante mais calma da sua vida pessoal. Mas até há bem pouco tempo não foi assim, pois viveu uma situação dramática. Entre 2010 e 2017, o jogador foi perseguido por Raffael Piccolo, um ex-polícia italiano que acabou condenado a uma pena de quatro anos e oito meses de prisão.

O pesadelo de Quagliarella começou em 2010

O pesadelo começou em 2010. “Comecei a receber fotos de raparigas nuas e acusações de pedofilia, de trabalhar com a Camorra e de traficar drogas. Essas cartas também foram enviadas para o Nápoles. Estou convencido de que a minha transferência para a Juventus nessa época ocorreu devido às acusações absurdas. Estas acabaram por chegar ao presidente do Nápoles, Aurelio De Laurentiis. A verdade é que ele se deixou influenciar. Antes ligava-me todos os dias e, depois dessas calúnias, disse-me para ir viver para um hotel até as coisas acalmarem. Depois disso, ele nunca mais me ligou”, confessou.

Ameaças sem fim

A perseguição não se ficou por aqui. “O meu pai recebeu mensagens ameaçadoras, dizendo que me iam dar um tiro na cabeça ou que iriam explodir uma bomba em minha casa”, revelou. O mais incrível é que, sem Quagliarella se aperceber, o perseguidor era a pessoa que liderava as investigações. “Raffael estava regularmente em minha casa e era ele que administrava tudo. Pedia-nos para tirar as impressões digitais de algumas pessoas e dizia ‘Estamos quase lá, só um pouco mais’. Até avançou com alguns nomes de suspeitos”, contou.

Certa ocasião, até entregaram ao ponta de lança um caixão com a sua própria fotografia. E, mais uma vez, chamou Raffael Piccolo para ajudar a encontrar o culpado. “Acabou por ser o meu pai a descobrir tudo e a perceber que as autoridades nunca receberam as minhas queixas formais porque Raffael conservou-as todas para si”, revelou.

Reação hostil no San Paolo

A cada regresso seu ao San Paulo, os adeptos do Nápoles, longe de imaginarem o drama em que ele estava envolvido, recebiam-no sempre num clima de grande hostilidade, pois a Juventus é o seu grande ódio de estimação. “Por vezes, pessoas próximas de mim insultavam-me, mas eu sempre tentei evitar discutir com o meu próprio povo. Tinha de esperar pelo dia em que finalmente lhes pudesse contar tudo o que aconteceu”, sublinhou.

E confessa o grande amor que continua a sentir pelo clube do sul de Itália. “Sempre me imaginei como capitão do Nápoles e em ganhar algo com aquela camisola e se nada disto me tivesse acontecido tenho a certeza que ainda estaria por lá”.

Em fevereiro de 2017, depois de um jogo entre a Sampdoria e o Cagliari e alguns dias depois da detenção de Piccolo, abriu a alma aos microfones da estação que transmitiu a partida.” Eu e a minha família passámos por um longo período muito difícil devido a esta situação”, referiu, visivelmente comovido.

Gostava de voltar ao Nápoles

Entretanto, depois de terem conhecimento do drama que viveu, os ultras do Nápoles perdoaram Quagliarella. “Tiveste enorme dignidade no inferno que viveste. Vamos abraçar-te novamente, Fabio, filho de uma cidade”, mostraram numa tarja exibida durante uma partida no estádio San Paolo. E apesar de ter acabado de renovar com a Sampdoria, o veterano atacante não esconde o sonho de regressar ao Nápoles. “Seria maravilhoso voltar e fiquei comovido por saber que os adeptos ainda pensam em mim. Deixei uma história por terminar no Nápoles”, realça.

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André Cruz Martins

27-05-2019



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