Os principais campeonatos europeus da época que chegou ao fim há poucos dias trouxeram-nos várias equipas que surpreenderam pela qualidade do futebol e pelos resultados que apresentaram. Lideradas por treinadores carismáticos e contando com jogadores que se deram a conhecer ao mundo, foram responsáveis por alguns dos melhores momentos de futebol desta temporada.
Burnley FC (Inglaterra)
O Burnley FC terminou a Premier League na sétima posição, apenas atrás dos “Big Six”, os habituais candidatos ao título – Manchester City, Manchester United, Tottenham, Liverpool, Chelsea e Arsenal. Um feito assinalável, que permitiu o acesso à Liga Europa, quando apenas a manutenção era o objetivo no início da competição.
O Burnley FC foi liderado pelo carismático treinador Sean Dyche, que de acordo com a imprensa inglesa está a ser altamente cobiçado por grandes clubes ingleses. Dyrche esteve entre os seis nomeados para melhor treinador da Premier League, juntamente com o vencedor, Pep Guardiola (Manchester City), Rafa Benítez (Newcastle), Roy Hodgson (Crystal Palace), Chris Hughton (Brighton) e Jurgen Klopp (Liverpool).
Sean Dyche, de 46 anos, orienta o Burnley desde 2012 e antes foi adjunto de Malky Mackay no Watford. A forma destemida como colocou a sua equipa a bater-se de igual para igual com qualquer dos grandes do campeonato inglês foi constantemente valorizada, inclusivamente por Pep Guardiola, que em abril defende que deveria ser o seu colega do Burnley FC o vencedor do prémio de Treinador do Ano. Basta dizer que no campeonato o Burnley só sofreu duas derrotas em casa dos seis primeiros, diante de Arsenal e Manchester City.
Esta equipa contou ainda com a competência do guarda-redes Nick Pope, que liderou a sexta melhor defesa do campeonato, com apenas 39 golos sofridos e cuja história aqui revelámos há algumas semanas – um antigo vendedor de leite que chegou a jogar no sétimo escalão e que esta época chegou a internacional inglês, depois das suas magníficas exibições. De resto, foi convocado para o Campeonato do Mundo, deixando de fora Joe Hart.
SD Eibar (Espanha)
O SD Eibar do defesa central português Paulo Oliveira foi a grande sensação da Liga espanhola, terminando a prova na nona posição, só não conseguindo a qualificação para a Liga Europa porque caiu de rendimento nos últimos jogos, depois de ter chegado a ocupar a sexta posição.
Orientado por José Luis Mendilibar na Liga espanhola pela terceira época consecutiva – só na primeira teve algumas dificuldades para se manter na divisão principal – a qualidade de jogo da equipa atingiu esta temporada níveis nunca antes vistos, isto apesar de ter um dos plantéis mais baratos da competição. Para se ter uma ideia, não há nenhum jogador do grupo com valor de mercado superior a 5 milhões de euros, de acordo com o site “Transfermarkt”.
Numa equipa sem estrelas e que valeu pelo coletivo, merecem ainda assim menções especiais o guarda-redes Marko Dmitrovic, o médio Joel Jordán e os avançados Kiki Garcia e Charles. Este último, um veterano de 34 anos, cumpriu a parte final da sua formação em Portugal, ao serviço da AD Flaviense e do Feirense, clube onde cumpriu ainda a primeira temporada como sénior. De referir que Paulo Oliveira cumpriu 26 jogos na Liga espanhola e foi titular indiscutível, com exceção dos dois meses em que esteve lesionado.
Hoffenheim (Alemanha)
Liderado pelo mais jovem treinador dos principais campeonatos europeus, Julian Nagelsmann, que só este ano se tornou trintão, o Hoffenheim, terceiro classificado na última edição da Bundesliga, é uma das mais refrescantes equipas da atualidade, apresentando um futebol rápido e sempre de olhos na baliza adversária. Com 66 golos apontados em 34 jogos, foi o segundo melhor ataque da Bundesliga, apenas atrás do campeão Bayern Munique.
O magnífico campeonato realizado valeu ao clube um inédito apuramento para a Liga dos Campeões, com o seu treinador a ser falado para grandes tubarões do futebol europeu, nomeadamente o Arsenal. Mas o seu grande objetivo é outro, como não teve problemas em reconhecer. “O Bayern Munique ocupa um grande espaço nos meus sonhos. Estou muito feliz no Hoffenheim, mas o Bayern dar-me-ia ainda mais felicidade”, confessou.
As grandes figuras do Hoffenheim foram os avançados Andrej Kramaric e Mark Uth – autores, respetivamente, de 12 e 14 golos no campeonato – o guarda-redes Oliver Baumann e o central Kevin Vogt. Isto sem esquecer o médio de ataque Nadiem Amiri, filho de pais refugiados e cujo futebol refinado fez a delícia dos adeptos.
Stade Rennes (França)
No campeonato francês há os quatro grandes (PSG, AS Mónaco, Marselha e Olympique Lyon) e, depois, todos os outros. O campeão dos pequenos foi o Stade Rennes, a equipa revelação da última edição da Ligue 1, ao terminar na quinta posição, assegurando uma presença na Liga Europa.
Sabri Lamouchi, treinador do Rennes teve assim uma bela estreia num clube europeu, depois de ter orientado o El Jaish SC, do Catar e de ter sido selecionador da Costa do Marfim.
A grande figura da equipa foi o médio de 24 anos Ben Bourigeaud, autor de 10 golos no campeonato e o quinto jogador dos campeonatos europeus que mais oportunidades de golo criou na última época (93, em igualdade com Alejandro Gómez e Cesc Fabregas). Esteve entre os nomeados para a equipa do ano em França, mas acabou por ficar de fora do onze.
Destaque ainda para o jovem médio ofensivo francês James Lea-Siliki, de 21 anos e cujas prestações já despertaram o interesse do AS Mónaco. Ainda assim, ele já confessou que o seu grande sonho é representar o Manchester United.