José Boto foi, ao longo de várias épocas, um dos grandes nomes da prospeção do Benfica. E se para a história da relação entre o atual scout dos ucranianos do Shaktar Donetsk e o Benfica ficam grandes contratações, existem também nomes recomendados que foram chumbados por Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados. E é o próprio José Boto que partilha dois nomes que hoje têm um valor de mercado conjunto de 230 milhões de euros e que poderiam ter chegado à Luz a troco de tostões.
Phillippe Coutinho vale hoje 150 milhões de euros
Os dois jogadores são hoje duas estrelas do Barcelona. O primeiro é Phillippe Coutinho, que poderia ter chegado ao Benfica com apenas 16 anos (hoje tem 26). “Ele tinha 16 anos mas não consegui convencer o presidente a contratá-lo. Ele disse para não ser estúpido, que não sabia o que estava a dizer porque tinha apenas 16 anos”, conta Boto em declarações ao site ucraniano Football Hub. Coutinho, atualmente avaliado em 150 milhões de euros, custou 130 milhões ao Barcelona, que o contratou aos ingleses do Liverpool.
O outro nome é Ousmane Dembelé. “Também houve outro que custava na altura três milhões de euros e o presidente também não quis, era o Dembélé, do Barcelona”, explica. Com um valor de 80 milhões de euros, o jogador francês, de 21, foi contratado ao Barcelona a troco de 115 milhões de euros.
Durante a entrevista, José Boto falou ainda da estratégia de Luís Filipe Vieira. “Houve um momento em que a direção do Benfica entendeu que queria mais jogadores europeus do que brasileiros por ser mais fácil vendê-los para as ligas inglesas. É puramente uma estratégia económica. O Benfica arrisca e compra muitos jovens. Temos de encontrar talentos e esperar que consigam atingir o nível máximo para que se aproveitem as oportunidades com clubes ingleses, Real Madrid ou Barcelona, que podem pagar 50 a 80 milhões por jogadores feitos”, refere.
O caso de Witsel
O antigo scout do Benfica recorda ainda o momento em que aconselhou Luís Filipe Vieira a avançar para a contratação de Witsel, atualmente no Borrusia Dortmund. “O Benfica precisava de um 8 e propus o Axel Witsel. O presidente disse-me que não queria ouvir falar dele, mas insisti e contratou-o, dizendo que me despedia se Witsel não rendesse. Propus então que me desse um por cento da venda futura se estivesse certo. O jogador foi vendido por 40 milhões ao Zenit. Depois disso, o presidente veio dizer-me que estava a brincar e que também não me teria despedido”, recorda entre risos.
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