O futebol mundial está em choque com a notícia da morte de Davide Astori. O capitão da Fiorentina, de 31 anos de idade, foi encontrado morto no quarto de hotel em Udine, onde a equipa, que no início da época era treinada por Paulo Sousa, estagiava para o jogo contra a Udinese. O sinal de alarme foi dado quando o italiano não apareceu para tomar o pequeno-almoço. Davide Astori também não atendeu o telemóvel e quando entraram no quarto depararam-se com o jogador já sem vida. Este é o mais recente episódio de morte súbita a chocar o futebol mundial.
Sempre que acontece um caso destes (e a morte súbita atinge 1 em cada 100 mil atletas por ano) levantam-se várias questões. Ninguém consegue compreender como é que um atleta de alta competição, jovem, e sujeito frequentemente a exigentes exames médicos pode morrer de forma súbita. De acordo com o procurador da República de Udine, Davide Astori terá morrido na sequência de «causas naturais, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória». Sendo que a imprensa italiana revela que o jogador foi submetido na passada semana a um eletrocardiograma que não detetou qualquer anormalidade.
Morte súbita atinge 1 em cada 100 mil atletas por ano.
É também de Itália que chega uma possível explicação para a morte precoce de Davide Astori. Que só será confirmada após a realização da autópsia. Silvia Priori, professora de cardiologia da Universidade de Pavia, explica, em declarações ao Corriere Della Sera, que as doenças genéticas podem «escapar ao diagnóstico» com extrema facilidade. Mesmo quando os atletas são sujeitos a baterias de exames, como era o caso do jogador da Fiorentina. Silvia Priori explica ainda que doenças hereditárias ou genéticas podem «ser causadas por defeitos de DNA que geram doenças do músculo cardíaco [cardiomiopatia hipertrófica ou cardiomiopatia dilatada] ou por mutações no DNA que alteram as proteínas que controlam o ritmo cardíaco, causando doenças nas quais o coração está predisposto a ter arritmias graves».
E de acordo com a especialista, estes motivos podem ser a causa das paragens cardíacas dos jovens jogadores. O jornal italiano dá ainda conta da dificuldade que a ciência encontra na tentativa de identificar os motivos das arritmias fatais nos jovens. A morte de Davide Astori vem aumentar a lista de mortes súbitas no futebol. E não é preciso recuar muito no tempo para encontrar outra. Cheick Tioté colapsou no relvado durante um treino. O jogador, de 30 anos de idade, que representava os chineses do Beijing Enterprise, acabou por morrer no hospital.
Miki Fehér, Hugo Cunha e outros casos de morte súbita.
Em Portugal todos se recordam da morte de Miki Fehér. Foi a 25 de janeiro de 2004 que o jogador do Benfica sofreu um ataque cardíaco em pleno relvado nos instantes finais do Guimarães – Benfica. Tinha apenas 24 anos de idade e a autópsia revelou que a causa da morte foi uma miocardiopatia hipertrófica. Um ano depois, e ainda em Portugal, foi Hugo Cunha que morreu de forma precoce. O jogador da União de Leiria morreu aos 28 anos de idade. O jogador sentiu-se mal durante um jogo de futebol com amigos, caindo inanimado no relvado. Chegou ao hospital já sem vida.
Outro caso chocante aconteceu em Espanha. Antonio Puerta, então com apenas 22 anos de idade, sofreu uma paragem cardiorrespiratória em pleno relvado. O jogador do Sevilha foi reanimado e saiu do campo pelo próprio pé. O jogador acabou por sofrer várias paragens cardiorrespiratórias e acabou por morrer no hospital. Tal como Davide Astori, também Daniel Jarque foi encontrado sem vida no quarto de hotel. O jogador do Espanhol de Barcelona tinha 26 anos de idade e terá sofrido uma paragem cardíaca enquanto estava ao telefone a falar com a mulher, grávida de oito meses.
Fotos: Reprodução Fiorentina