A opinião é unânime. Praticamente todos os fãs de futebol defendem que Daniel da Cruz Carvalho, que o mundo do futebol conhece como Dani, poderia ter tido uma carreira. Após a formação no Sporting, o criativo avançado passou pelos ingleses do West Ham, pelos neerlandeses do Ajax, pelo Benfica e ainda pelos espanhóis do Atlético de Madrid, clube no qual terminou a carreira com apenas 27 anos. Isto para estar mais perto da mãe, que estava doente, a lutar contra o primeiro cancro.
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Agora, em conversa com o As, o agora comentador desportivo, recorda a vida boémia que lhe era associada. Isto como que em jeito de conselho para Lamine Yamal, uma das pérolas do futebol mundial. “A noite? Cuidado e moderação. O mundo do futebol é sempre perigoso”, começa por dizer. “O pior é o ambiente: a família, os pais, os companheiros interessados… São muitas as distrações. Luis Enrique diz uma frase que é bem verdadeira: o melhor do mundo, o melhor em tudo, tem de ser aquele que dá o melhor exemplo aos seus companheiros”, acrescenta.
O problema de ser “tão bonito”
O ex-jogador assume que já no Sporting tinha uma vida social noturna muito animada. “Claro que gostava de festas. Saí do Sporting porque a minha vida fora do futebol era muito ativa. Mas mandaram-me para Londres! Quando lá cheguei, a imprensa escreveu ‘tranquem as vossas filhas em casa que o Dani está aqui’. E depois disso, rumei a Amesterdão. E depois a Madrid. Três cidades de pecado. Costumava dizer aos dirigentes ‘estão a brincar comigo?’ A verdade é que jogava futebol, mas gostava mesmo da vida”, assume divertido.
Será este um dos maiores frangos de sempre?
Foi então que Dani foi questionado sobre se o facto de ser “tão bonito” foi um problema. “Possivelmente sim. Mas que podia fazer? Eu não ia fazer uma cirurgia facial para ficar mais feio. Podia ter feito coisas mais ‘de jogador de futebol’, mas era assim que vivia, era assim que era feliz. E sempre segui esta máxima: viver para ser feliz”, argumenta. A conversa serve ainda para o ex-jogador recordar Paulo Futre, com quem partilhou balneário em Madrid de que quem diz que era “um irmão”, para si. Dedica ainda palavras a dois treinador. O primeiro é o espanhol Luis Aragonés. “Era um tipo excecional e conhecia o futebol melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. Tocava a alma do jogadores. Fiquei arrepiado quando ganhou o Europeu com a Espanha. Um dia disse-me ‘Dani, se não te mexeres, vai passar por aqui um cão e vai mijar-te em cima’” recorda.
“Um dia disse-me ‘Dani, se não te mexeres, vai passar por aqui um cão e vai mijar-te em cima’”
O outro é Louis van Gaal que foi seu treinador no Ajax. “Tive uma relação magnífica com o Louis; é uma ótima pessoa. Perguntava-me ‘como é possível que um jovem de 19 anos como tu se atrase para um jogo?’ E eu respondia ‘não faço ideia. Deitei-me à meia-noite e acordei às 11’. Os despertadores não funcionavam bem”, recorda.
Dani já está reformado da vida da noite?
Por fim, e já com as chuteiras penduradas, será que Dani também se reformou da vida da noite aos 48 anos? “De todo, nunca! Mas as minhas filhas têm de ir para a escola às 8 da manhã e às 7 abro os olhos sem precisar de despertador. Sou pai e essa responsabilidade é a primeira coisa que me vem à cabeça. Acredito que os jogadores de futebol devem nascer aos 80 e voltar atrás, como Benjamin Button. Os veteranos sempre me disseram ‘se eu soubesse aos 20 anos o que sei hoje’… E tinham razão”, termina.
Fotos: Impala
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