Confirmações, surpresas e desilusões na melhor Liga do mundo

Confirmações, surpresas e desilusões na melhor Liga do mundo

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Confirmações, surpresas e desilusões na melhor Liga do mundo

Iniciamos com a Liga inglesa um primeiro balanço dos cinco principais campeonatos do futebol europeu na atual temporada. Ao longo desta semana, vamos ainda a Itália, Espanha, França e Alemanha.

Artigo de André Cruz Martins

05-11-2018

Iniciamos com a Liga inglesa um primeiro balanço dos cinco principais campeonatos do futebol europeu na atual temporada. Ao longo desta semana, vamos ainda a Itália, Espanha, França e Alemanha. Estádios sempre cheios, muitos dos melhores futebolistas do mundo em ação e futebol intenso do primeiro ao último minuto. Como sempre, a Liga inglesa não tem desiludido os seus milhões de fãs em todo o mundo, numa altura em que estamos prestes a cumprir o primeiro terço da competição – estão decorridas 11 das 38 jornadas.

Já houve jogos inesquecíveis, futebolistas que protagonizaram exibições fantásticas e equipas que se têm revelado boas surpresas. E como não poderia deixar de ser, algumas formações têm deixado a desejar e grandes estrelas têm estado mais apagadas do que seria suposto.

Título discutido a três?

Para já, o Manchester City é o líder isolado, com dois pontos de avanço sobre o Liverpool FC e o Chelsea, aproveitando o empate dos “reds” com o Arsenal na última ronda. De resto, estas três equipas ainda não perderam e parecem claramente acima dos restantes competidores. Seguem-se o Tottenham, a cinco pontos da liderança e o Arsenal, a seis. Até aos empates com o Crystal Palace e com o Liverpool FC, os “gunners” vinham de uma série de sete triunfos consecutivos, isto depois de terem sido derrotados nas duas jornadas inaugurais, por Manchester City (em casa) e Chelsea (fora).

Mas voltemos ao líder Manchester City, que tem deslumbrado nestas primeiras 11 jornadas e apresenta uma impressionante diferença de golos de 33-4. Aliás, bem recentemente, foi bem visível a diferença de ritmo e de qualidade entre o Tottenham, quarto classificado, e o Manchester City, em jogo disputado no Estádio de Wembley. Apesar da equipa de Pep Guardiola ter ganho apenas por 1-0, dominou a seu bel-prazer e ficou a dever a si própria um resultado bem mais descansado.

Manchester United, a equipa-deceção

Quem está a realizar um campeonato particularmente negativo é o Manchester United de José Mourinho. A ver vamos se a clara melhoria registada nos últimos encontros, com três vitórias e um empate (e este obtido em casa do Chelsea) será para manter. Para já, o cenário do despedimento de José Mourinho, que chegou a parecer muito provável, parece afastado. Para além dos maus resultados, o treinador português tem tido dificuldades em gerir o balneário e entrou em choque com algumas as principais figuras do plantel, com Paul Pogba à cabeça.

Os melhores resultados das últimas jornadas não foram suficientes para retirar o rótulo de “equipa deceção” ao Manchester United. O sétimo lugar, a nove pontos da liderança, é sem dúvida um registo paupérrimo, mesmo se tivermos em consideração que Mourinho não recebeu os reforços que pretendia no início da temporada, como ele aliás tem lembrado recorrentemente.

De referir ainda a dececionante temporada realizada pelo Newcastle United, um histórico do futebol inglês que se arrasta no penúltimo lugar e pelo Fulham, que apesar de ter sido a terceira equipa que mais gastou em aquisições está em terceiro mas a contar do fim.

AFCB Bournemouth, a equipa-sensação

Se este artigo tivesse sido escrito há duas ou três semanas, o título de equipa-sensação seria atribuído ao Wolverhampton, mas a equipa mais portuguesa dos campeonatos europeus desceu de rendimento de forma acentuada e registou três derrotas nas últimas três rondas, tendo caído para a 11ª posição. A nossa escolha recai no AFCB Bournemouth, um dos clubes com orçamento mais baixo da competição, o que não o impede de ocupar o sexto lugar e de praticar bom futebol.

Em destaque neste AFCB Bournemouth orientado por Eddie Howe tem estado o ponta-de-lança Callum Wilson, atual quarto melhor marcador da Liga inglesa, com sete golos e a um dos líderes Agüero, Aubameyang e Hazard. Pode ser que este inglês de 26 anos, a cumprir a quinta temporada no AFCB Bournemouth, dê o salto para um clube de maiores aspirações. Até ao momento, soma 49 golos em 127 jogos pelo AFCB Bournemouth, números razoáveis para um clube habituado a lutar pela permanência.

Outros jogadores em grande destaque na equipa-revelação da Liga inglesa têm sido Natah Aké, jovem central de 23 anos, o médio defensivo colombiano Jefferson Lerma, que chegou do Levante no início da temporada e o pequeno extremo escocês Ryan Fraser, que tem dado cabo da cabeça às defesas adversárias.

As grandes figuras

Se tivermos de escolher uma figura que esteja a marcar a Liga inglesa teremos de nos inclinar para Eden Hazard. O médio ofensivo belga tem sido um desequilibrador por excelência e já ganhou jogos praticamente sozinho, passe o exagero, nomeadamente quando fez um “hat-trick” na vitória com o Cardiff City, por 4-1. E foi ele o autor do golo no importante empate com o Liverpool FC (1-1).

 

 

Liverpool FC e Manchester City dispõem claramente de maior número de foras de série em posições ofensivas do que o Chelsea e essa foi uma das razões pelas quais escolhemos Hazard, que está mais desacompanhado. O belga já soma sete golos e três assistências no campeonato e parece bem lançado para superar o seu máximo de golos no Chelsea (19, em 2014/15) e até na carreira, ao serviço do Lille OSC (22 em 2011/12).

É impossível não destacarmos ainda Sérgio “Kun” Agüero, que já vai em sete golos e tem qualquer coisa como 209 golos e 61 assistências em 306 jogos ao serviço do Manchester City. Ainda nos “citizens”, Sterling, Mahrez e o “nosso” Bernardo Silva têm estado em grande plano. O português assumiu-se como titular indiscutível, já marcou três golos na Liga inglesa e até ouviu Pep Guardiola dizer que o atual City é ele e mais dez.

Menção honrosa

Já quando pensamos no FC Liverpool, o outro líder, é impossível não nos vir à cabeça o fantástico trio da frente, constituído por Salah, Firmino e Mane. Juntos, somam 13 golos na competição, sendo curiosamente o brasileiro, aquele que é o ponta de lança de raiz, o que menos tem faturado (dois golos, contra cinco do egípcio e seis do senegalês). Salah, curiosamente, começou bastante mal, mas nas últimas jornadas já surgiu bem próximo do seu nível habitual. Ainda nos “reds”, tem-se destacado Joe Gómez, jovem central de 21 anos que inclusivamente já agarrou o lugar de titular na seleção A inglesa. E o que dizer da segunda vida de James Milner, que aos 32 anos tem sido o melhor médio da equipa?

Fora do circuito dos grandes clubes, merece menção honrosa o veterano ponta de lança Glenn Murray. Aos 35 anos, já marcou seis golos pelo Brighton & Hove Albion, mas nada que seja muito surpreendente, tendo em conta que fez um total de 37 golos oficiais pelo seu clube nas duas temporadas anteriores. No Watford FC, o argentino Roberto Pereyra está a reviver uma segunda vida, a fazer lembrar a boa época que efetuou ao serviço da Juventus em 2014/15.

O defesa direito irlandês Matt Doherty tem estado em grande plano no Wolverhampton, destacando-se pelo efetivo apoio ao ataque. Ainda nos “wolves”, não podemos esquecer Rúben Neves, por quem passa todo o jogo da equipa. De acordo com notícias dos órgãos de comunicação ingleses, o jovem português está a ser cobiçado pelos dois gigantes de Manchester.

Destes esperava-se mais

Como não poderia deixar de ser, também há alguns jogadores que têm estado abaixo do que se esperava. Até há algumas semanas, um dos exemplos mais paradigmáticos seria o de Paul Pogba, mas o médio francês do Manchester United subiu muito de rendimento entretanto. Ainda nos “red devils”, o ex-benfiquista Victor Lindelöf tem sido arrasado pela crítica, depois de ter sido diretamente culpado em alguns golos sofridos. Outro central, Eric Bailly, tem estado muito abaixo do esperado e deixou entretanto de figurar no onze inicial. No entanto, o caso mais estranho no Manchester United é mesmo o do chileno Alexis Sánchez, que chegou em janeiro mas ainda não se conseguiu impor. Também o talentoso Lingard tem estado muito discreto e ainda nem um golo apontou em jogos oficiais na temporada em curso.

No Leicester City, o médio português Adrien Silva soma apenas 88 minutos em dois jogos e já não é utilizado desde 18 de agosto, ficando quase sempre de fora dos convocados. E o que dizer do brasileiro Fabinho, que chegou ao Liverpool FC proveniente do AS Mónaco, a troco de 45 milhões de euros e soma apenas dois jogos completos e um incompleto na prova?

Poucos resultados surpreendentes

Esta edição do campeonato inglês tem sido pouco pródiga em resultados surpreendentes. Aliás, só podemos falar verdadeiramente em quatro surpresas, três delas envolvendo, pela negativa, o Manchester United, que perdeu 3-2 no reduto do Brighton & Hove Albion, por 3-1 em casa do West Ham e foi “dizimado” pelo Tottenham em Old Trafford (0-3). De resto, só resultados relativamente expectáveis e nos restantes candidatos ao título – Manchester City, Chelsea, Arsenal, Liverpool FC e Tottenham – só os “spurs” perderam um jogo sem ser com um rival direto (2-1 com o Watford FC).

Fotos: DR

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André Cruz Martins

05-11-2018



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