Cheryshev, a antiga promessa do Real Madrid que “explodiu” no Mundial

Cheryshev, a antiga promessa do Real Madrid que “explodiu” no Mundial

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Cheryshev, a antiga promessa do Real Madrid que “explodiu” no Mundial

Nunca conseguiu afirmar-se no futebol espanhol e a sua utilização irregular num jogo da Taça do Rei levou à exclusão dos “merengues” da prova, mas tem brilhado pela sua seleção.

Artigo de André Cruz Martins

01-07-2018

O extremo esquerdo russo Denis Cheryshev tem aproveitado este Campeonato do Mundo para finalmente confirmar as potencialidades que o colocaram como uma das promessas da formação do Real Madrid da última década, mas que nunca foram correspondidas. O futebolista de 27 anos, que atualmente representa o Villarreal, bisou no jogo de estreia da competição, com a Arábia Saudita, voltou a marcar por uma vez diante do Egito e na última jornada da fase de grupos, também faturou diante do Uruguai, mas na baliza errada, ao desviar um remate de fora da área Diego Laxal, acabando por trair o guarda-redes Akinfeev.

Com apenas 12 anos, Denis Cheryshev ingressou nos escalões jovens do Real Madrid e foi progredindo pelos vários escalões dos “merengues”, até chegar à equipa B (o Real Madrid Castilla), onde esteve durante três épocas. Em 2012/13, estreou-se na equipa principal, num jogo da Taça do Rei, mas teve de esperar três anos para voltar a ter uma oportunidade entre os galácticos.

No entanto, não se pode falar na concretização de um sonho, mas sim de um autêntico pesadelo: foi utilizado de forma irregular num jogo da Taça do Rei com o Cádiz (no qual até marcou um golo) e o Real Madrid foi excluído da competição. O russo estava impedido de jogar porque na edição anterior da Copa do Rei, quando jogava por empréstimo no Villarreal, viu três cartões amarelos e por isso teria de cumprir castigo no primeiro encontro da época seguinte.

Na altura, o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, defendeu que os “merengues” não tinham sido informados sobre a punição por parte do Villarreal e que por isso não deveria haver lugar a castigo, versão que não foi “comprada” pela federação espanhola.

Poucas semanas depois, foi emprestado ao Valência no mercado de inverno e, definitivamente, a Taça do Rei não lhe dava grande sorte, pois estreou-se pelo clube “ché” com uma derrota por 7-0 diante do FC Barcelona em jogo dessa competição. Foi alvo de piadas jocosas por parte de adeptos do FC Barcelona e chegou a pensar em abandonar o futebol espanhol, ameaça que não concretizou, tendo assinado no verão de 2016 pelo Villarreal, finalmente sem qualquer ligação contratual ao Real Madrid.

O Mundial da Rússia tem sido o palco perfeito para Cheryshev mostrar o que vale e reclamar uma maior assiduidade na seleção do seu país (tem apenas 14 internacionalizações, com três golos marcados, todos neste Mundial). E a verdade é que tudo poderia ter sido diferente se não tivesse beneficiado da lesão do seu colega Alan Dzagoev, que substituiu no jogo com a Arábia Saudita, logo aos 24 minutos. Lá veio a confirmação do provérbio “ a sorte de uns é o azar de outros”: “partiu a loiça” e marcou dois golos, o primeiro com uma execução sublime.

E apesar de ter voltado a “molhar o bico” diante da Arábia Saudita, Lucas Torreira, médio uruguaio do Arsenal, confessou que não o conhecia, na antevisão que fez do último jogo da fase de grupos, que terminou com o triunfo dos sul-americanos e que contou com a contribuição involuntária já referida de Cheryshev.

Confessou sentir-se mais espanhol do que russo

A ver vamos se vai ser agora que a carreira desta promessa adiada entra em velocidade de cruzeiro. Ele que aos cinco anos já jogava nas escolinhas do Sporting Gijón, onde o seu pai (Dmiti Cheryshev) era jogador na equipa profissional. O pai mudou-se para o Burgos e ele acompanhou-o, até que aos 12 anos chegou ao Real Madrid, seguindo mais uma vez o progenitor, que passou a treinar equipas dos escalões de formação dos “merengues”.

Nos largos anos de ligação ao Real Madrid, chegou a ser emprestado ao Sevilha e ao Valência, onde não teve sucesso e tem sido mesmo ao serviço do Villarreal que melhor se tem dado: em 2014/15, quando esteve cedido ao “submarino amarelo”, fez 40 jogos oficiais (27 dos quais a titular), com sete golos. E na última época, fez 32 jogos (embora apenas 12 como titular), com quatro golos marcados. Ainda assim, nunca se assumiu como uma das figuras da sua equipa e tem um baixo valor de mercado – três milhões de euros, de acordo com o site “Transfermarkt” – números muito modestos para um extremo de uma das boas equipas da Liga espanhola.

Este domingo, Cheryshev defronta a Espanha, país onde passou grande parte da sua vida e cuja seleção pensou em representar. Em entrevista em 2011 ao jornal “Marca”, confessou que se sentia mais espanhol do que russo, mas nem um ano depois aceitou a primeira convocatória para a seleção do leste, até porque não recebeu qualquer indicação de um eventual interesse da Real Federação Espanhola.

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Artigo de
André Cruz Martins

01-07-2018



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