Catalunha Independente, onde joga o Barcelona?

A escala de tensão e violência na Catalunha atingiu números pouco comuns num país democrático como Espanha. No referendo de domingo (02/10/17) registaram-se mais de 800 feridos nas cargas policias que tentavam impedir a realização daquele ato eleitoral (considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional Espanhol). A tensão foi de tal ordem que, o jogo do Barcelona com o Las Palmas, em Camp Nou, teve que ser realizado à porta fechada por motivos de segurança.

O resultado do jogo (3-0, com um bis de Messi) tornou-se secundário face aos acontecimentos que se verificavam na região. No final do jogo, Gerard Piqué – um dos apoiantes mais fervorosos do movimento separatista – esteve com os jornalistas e não conseguiu esconder a emoção.

Segundo o porta-voz do executivo catalão, Jordi Turull, 90% dos 2,22 milhões de catalães que votaram no domingo escolheram o “Sim”, a favor da independência da Catalunha. Se a separação se confirmar, onde jogaria o Barcelona?

O presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas, já referiu no passado que caso a Catalunha se torne independente, os clubes daquela região deixarão de poder competir no campeonato espanhol. Atualmente, jogam três equipas catalãs na principal divisão espanhola: Barcelona, Espanyol e Girona (clube adquirido pelo Manchester City de Guardiola, outro apoiante da causa catalã).

Uma possibilidade (talvez a mais forte) é o ingresso destas equipas no campeonato francês. Há cerca de dois anos, o então primeiro-ministro francês, Manuel Valls ( curiosamente, nascido em Barcelona) abriu as portas do campeonato francês às equipas catalãs. “Se o Mónaco joga na nossa liga, então por que não o Barcelona?”– disse Valls, relembrando que o Mónaco é um principado independente de França.

Esta situação não seria caso único no futebol. Para além do Mónaco jogar no campeonato francês, também o Swansea, do País de Gales, joga na primeira liga inglesa.

Uma outra possibilidade seria a criação de um campeonato catalão, mas financeiramente esta seria uma opção pouco viável. Quem ficaria a perder com esta saída, para além da La Liga que deixaria de ter o Real Madrid- Barcelona como cartaz, seria a seleção espanhola. Três habituais titulares – Piqué, Alba e Busquets – deixariam de entrar nas contas de Lopetegui.

A seleção da Catalunha reuniria um grupo bastante competitivo. Um possível onze com Kiko Casilla (Real Madrid) na baliza, Aleix Vidal (Barcelona), Piqué (Barcelona), Bartra (Borussia Dortmund) e Jordi Alba (Barcelona) na defesa ; Busquets (Barcelona), Sergi Roberto (Barcelona) e Fàbregas (Chelsea) no meio-campo e Tello (Betis), Bojan (Alavés) e Deulofeu (Barcelona) no ataque, seria um grupo bastante forte.

Enquanto a situação permanece sem avanços, a nível desportivo tudo deverá ficar tal como está. Ainda assim, a permanência de Piqué na “La Roja” é cada vez mais questionada. Tem condições para continuar?