Carlos Vinicius. Sem dinheiro para sustentar a família, Portugal salvou-lhe a carreira

Carlos Vinicius. Sem dinheiro para sustentar a família, Portugal salvou-lhe a carreira

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Carlos Vinicius. Sem dinheiro para sustentar a família, Portugal salvou-lhe a carreira

Carlos Vinicius é o novo ídolo das bancadas do Estádio da Luz, mas num passado não muito distante quase não tinha dinheiro para alimentar o filho.

Artigo de André Cruz Martins

31-10-2019

Chegou esta época ao Benfica e nem todos os adeptos ficaram satisfeitos com 17 milhões que o clube gastou para contratar Carlos Vinicius ao Nápoles. Até porque os encarnados tinham acabado de gastar 20 milhões para resgatar Raúl de Tomás ao Real Madrid. Aos dois avançados acresce ainda Haris Seferovic, o melhor marcador da última edição do campeonato português. Num plano teórico, o avançado brasileiro, de 24 anos, seria o terceiro na hierarquia de avançados da equipa treinada por Bruno Lage.

E a época nem começou bem para Carlos Vinicus. Problemas no passaporte impediram o avançado de se juntar à equipa no estágio que decorria nos Estados Unidos da América e a isto junta-se uma lesão num dos primeiros jogos de águia ao peito. Mas a verdade é que o avançado começa a conquistar o seu espaço e em 10 jogos oficiais soma 6 golos. Sendo que nos dois jogos a titular marcou sempre dois golos. O que faz com que comece a ser o novo ídolo das exigentes bancadas do Estádio da Luz. Até porque, neste momento, Carlos Vinicius tem quase o dobro dos golos marcados por RDT (1) e Seferovic (3) juntos.

Veja o vídeo:

 

O salto gigante para Nápoles e o regresso a Portugal

Depois de brilhar com a camisola do Real Sport Clube, na segunda divisão portuguesa, Carlos Vinicius assinou, de forma surpreendente, contrato com o Nápoles. Na altura, apesar de ser o melhor marcador da II Liga, com 11 golos (terminou a prova como vice-artilheiro, com 19), o salto para o gigante do sul de Itália não deixou de ser inesperado. Contratado pelo Nápoles, o jogador acabou por ser emprestado ao Rio Ave. E foi na equipa de Vila de Conde que o avançado se transformou numa das sensações do futebol português. Ao ponto de ser falado para Benfica, Porto e Sporting.

Já em Itália, as notícias davam conta de que Carlo Ancelotti, treinador do Nápoles, estava particularmente entusiasmado com o que tinha visto de Carlos Vinicius. A notícia foi do jornal Corriere dello Sport, que deixou a garantia de que o brasileiro era visto como uma aposta de futuro nos napolitanos. Certo é que depois do empréstimo ao Rio Ave, os italianos acabaram por ceder o brasileiro ao Mónaco. Até que no último defeso o negociaram com o Benfica com grande lucro. Depois de investirem 4 milhões na aquisição do passe, negociaram com o clube liderado por Luís Filipe Vieira por 17 milhões.

Vinda para Portugal foi ponto de viragem

Carlos Vinicius representou dois modestos clubes brasileiros enquanto sénior – o Caldense e o Grémio Anápolis – mas as coisas não lhe correram nada bem, especialmente neste último. A ponto de ter pensado em deixar de jogar futebol. “Eu estava no Anápolis e as coisas não corriam bem. A ponto de ter decidido largar o futebol. Até já tinha dito à minha esposa que ia desistir. Ia parar por ali e arranjar um emprego. Até que decidi que, assim que terminasse um jogo de preparação que íamos fazer nesse dia, eu iria buscar as minhas coisas ao balneário e nunca mais voltava”, confessou em entrevista ao jornal O Jogo.

Tudo mudou devido à presença de um dirigente do Real Sport Clube. “Estava lá a um canto uma pessoa aqui do Real, o Luís, que me viu, chamou-me e perguntou se eu queria vir para Portugal. Eu estava no fundo do poço. Mas Deus viu que eu ia parar e que não aguentava mais e disse: ‘Não. Agora é a hora’. Estava muito complicado mesmo”, contou, acrescentando: “Precisava era de dinheiro para o meu filho ter fraldas, ter leite. Qualquer coisa para pôr o pão dentro de casa, desde que não fosse com drogas ou algo de errado”.

Sucesso no Real

E a verdade é que as coisas dificilmente lhe poderiam ter corrido melhor no Real Sport Clube. Isto a nível individual, porque coletivamente foi uma péssima temporada para a formação da linha de Sintra, que terminou a II Liga em último lugar e desceu para o Campeonato de Portugal.

Logo na estreia oficial, apontou um golo na vitória por 3-0 diante do Belenenses, para a Taça da Liga. E no jogo seguinte, fez um “hat-trick” ao Leixões, em jogo da II Liga. Não foi uma má apresentação aos adeptos. Ao longo do resto da época, continuou a faturar com frequência. Mas estaria certamente longe de imaginar o convite que iria ter em mãos.

Cruzou-se com Neymar

Durante a adolescência, Carlos Vinicius chegou a representar o Santos, onde chegou a cruzar-se com Neymar. “Eu estava nos sub-17 e não tinha grande acesso ao Neymar, mas pelo menos uma vez por mês jogávamos com a equipa principal. Admirava-o muito. Procurava observá-lo em tudo o que fazia. Cada gesto, cada finta. Ele já era uma referência naquela altura”, recordou, em entrevista ao site Bancada.

Carlos Vinicius foi ainda companheiro de equipa de Gabriel Barbosa, o avançado que passou sem sucesso pelo Benfica e que agora brilha no Flamengo de Jorge Jesus. “Jogámos nos sub-17 e sub-20 do Santos e tínhamos uma relação muito boa, de grande amizade”, revelou.

Carlos Vinicius nunca chegou a representar a equipa principal do Santos e mudou-se para o Palmeiras, onde também não se estreou pelos mais velhos. A nível sénior, no Brasil, só jogou nos modestos Caldense e Gémio Anápolis.

Inspira-se em Ronaldo “Fenómeno”

Como já se percebeu, Carlos Vinicius admira Neymar, mas o seu grande ídolo é Ronaldo “Fenómeno”. “Gosto de ver os vídeos dele. Ele teve uma brilhante carreira, é uma referência para todos os brasileiros, um jogador que quebrou muitas barreiras”, confessou.

De resto, até acha que tem semelhanças com o antigo ponta de lança. “A capacidade de explosão do Ronaldo, a maneira como ele procurava o um para um e ia para cima dos adversários é algo em que eu me revejo”, vincou.

Fotos: Reprodução Instagram

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André Cruz Martins

31-10-2019



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