Afastam jogadores simplesmente porque não gostaram da exibição realizada num determinado jogo, criticam duramente os seus treinadores, entram em guerra com meio mundo ou, pasme-se, chegam a entrar em campo de arma à cintura. São exemplos de atitudes tomadas pelos presidentes mais polémicos do futebol mundial e, claro, há um nosso bem conhecido nesta lista, que tem estado nas bocas de Portugal inteiro. Vamos começar por ele.
Bruno de Carvalho (Sporting)
A última rábula dos 19 jogadores suspensos – que afinal acabaram por não o ser, mas sim alvo de um processo disciplinar – e toda a confusão que conseguiu arranjar no clube que lidera foi a cereja no topo do bolo que faltava para se bater de igual para igual com presidentes polémicos como Gigi Becali (líder do FCSB, ex-Steaua Bucareste), Ivan Savvidis (PAOK) ou Massimo Ferrero (Sampdoria).
Depois das inúmeras guerras que comprou com dirigentes, árbitros, comentadores e jornalistas, só faltava mesmo que conseguisse virar contra si todo o plantel do Sporting e a esmagadora maioria dos adeptos, como se viu no último jogo com o Paços de Ferreira, em que recebeu uma enorme assobiadela e foi mimoseado com cânticos insultuosos que pediam a sua demissão.
Entretanto, Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube leonino, já exigiu a demissão de Bruno de Carvalho e garantiu que irá convocar uma Assembleia Geral para destituir o presidente do Sporting caso ele não aceda ao seu pedido. Como se esperava, Bruno de Carvalho não aceitou o repto e respondeu dizendo que ele próprio vai pedir a convocação de uma Assembleia Geral para que os sócios se pronunciem sobre o Conselho Diretivo e, separadamente, sobre os Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar. “Se os Sócios não tiverem a memória curta, Jaime Marta Soares sairá pela porta pequena como em Poiares”, escreveu Bruno de Carvalho no Facebook.
Ivan Savvidis (PAOK)
Ivan Savvidis, considerado o homem mais poderoso de Salónica, entrou em campo nos últimos minutos do PAOK-AEK com uma pistola à cintura e terá ameaçado de morte o árbitro, que anulou um golo ao seu clube, alguns minutos depois de o ter validado. A consequência foi nem mais nem menos do que a suspensão do campeonato grego.
“Reconheço que não deveria ter entrado em campo, mas fi-lo devido à situação de crise que se vive no futebol grego e não pretendi interferir com o trabalho dos árbitros nem ameacei ninguém”, referiu Savvidis, que foi proibido de entrar em estádios de futebol por um período de três anos.
Este multimilionário nascido na Geórgia é dono de várias empresas ligadas ao tabaco e comércio de carnes e um dos seus melhores amigos é o presidente russo Vladimir Putin. Comprou o PAOK em 2012 numa altura em que o clibe estava falido e antes foi presidente de três clubes russos: o Rostov, o SKA Rostov e o Viktor Ponedelnik.
Gigi Becali (FCSB)
Gigi Becali, um antigo pastor, é o proprietário do FCSB (ex-Steaua Bucareste) e já despediu dois jogadores (o avançado francês Tadé e o médio argelino Tahar) depois das exibições que protagonizaram num jogo com o Rosenborg. E em 2006, depois de não ter gostado da exibição do guarda-redes luso-angolano Carlos Fernandes numa derrota com o Real Madrid por 4-1, disse que “se algum clube quiser pegar nele, ofereço-lhe 100 mil dólares”. E a verdade é que no dia seguinte, Carlos fez as malas e “zarpou” da Roménia.
Em 2008, depois de contratar o extremo português Semedo ao Cluj, saiu-se com estas palavras: “Não gosto de pretos, mas não posso fazer nada, pois ele é um jogador bom demais para o deixarmos com os húngaros.” Na altura, acusava o Cluj de ser financiado pela maçonaria húngara.
E deixou de contratar um jogador búlgaro quando tudo estava praticamente acordado quando ouviu rumores de que era gay. “Adoro gays, mas não os podemos ter nas equipas de futebol, pois os jogadores estão nus no balneário. Basta haver um homossexual no plantel para deixarmos de ganhar”, justificou. Em 2013, foi condenado a três anos de prisão, por atos de corrupção enquanto político, mas acabaria por cumprir apenas cerca de dois anos.
Massimo Ferrero (Sampdoria)
A seguir ao empate com o rival Génova, no passado fim de semana, Massimo Ferrero, presidente da Sampdoria, teve a seguinte tirada: “O nosso treinador Giampaolo preparou bem o jogo, mas não esteve bem nas substituições. Gosto dele porque é um maestro do futebol e um grande trabalhador, que está 12 horas com os jogadores. Mas lamento que os jogadores não metam a bola lá dentro. E a bola é como uma mulher, deve ser penetrada”.
Massimo Ferrero, conhecido por se apresentar em público quase sempre com uma cabeleira desgrenhada, tem-se destacado por algumas atitudes excêntricas. Por exemplo, num jogo com a AS Roma, subiu a um dos varandins do camarote e, de capuz enfiado, fez de líder de claque.
Eurico Miranda (Vasco da Gama)
Eurico Miranda liderou o Vasco da Gama entre 2001 e 2007 e entre 2014 e novembro de 2017, tendo estado envolvido em muitas polémicas. Atacou inúmeros árbitros com acusações fortes e chegou a entrar várias vezes em campo a reclamar.
O episódio mais controverso ocorreu em 1999, num jogo com o Paraná, quando entrou em campo aos 87 minutos, depois do juiz Paulo César de Oliveira ter expulsado o terceiro jogador do Vasco da Gama. A confusão foi tanta que o árbitro deu o jogo por terminado.
Em 2000, depois de um empate, o treinador Oswaldo de Oliveira decidiu dar folga ao plantel para o dia seguinte. Eurico Miranda não gostou da medida e despediu o técnico na hora. “Aqui no Vasco mando eu. Ditatorialmente!”, justificou.
Evangelos Marinakis (Olympiacos)
Evangelos Marinakis, presidente do Olympiacos, não gostou nada do recente empate a um golo entre o seu clube e o Levadiakos, décimo classificado do campeonato grego. Vai daí, mandou os jogadores para férias e anunciou que vai jogar com os juniores até ao final da época.
“Vocês apenas pensam nas vossas bonitas casas e nos vossos carros. Não querem saber da equipa para nada. Os jogadores da formação e os adeptos amam mais o Olympiacos do que vocês. Pago milhões para que vocês tenham tudo, despedi três treinadores por vossa culpa mas afinal parece que os culpados eram vocês”, terá acusado, numa conversa com o plantel que chegou à imprensa, na qual terá anunciando ainda que vai “reconstruir o Olympiacos de uma ponta a outra.
Marinakis puniu ainda os futebolistas com uma multa de 400 mil euros cada um, metade desse valor devido ao empate com o Levadiakos, e a outra metade pela igualdade diante do Panathinaikos. Entretanto, em março último, os tribunais gregos abriram um processo contra o líder do Olympiacos, por acusações de associação criminosa e tráfico de droga. Ou seja, ao contrário dos seus jogadores, Marinakis não poderá ir de férias para o estrangeiro, pois está proibido de abandonar a Grécia enquanto decorre a investigação. A sua empresa de transporte marítimo é acusada de financiar uma operação que acabou com a apreensão de duas toneladas de heroína, em 2014.
Recorde-se que em janeiro de 2013 um alegado caso entre Leonardo Jardim e a mulher do presidente do Olympiacos terá ditado a demissão do treinador português, quando o emblema de Pireu era líder no campeonato, sem derrotas