Existem várias controvérsias que têm marcado os Jogos Olímpicos de Paris. Mas se as polémicas fossem uma modalidade a concurso, certamente que o boxe levava a medalha de ouro. Tal tem sido o número de episódios que têm dado que falar. Com especial destaque para as atletas Imane Khelif e Lin Yu-ting, apuradas para as meias finais das categorias -66 kg e -57 kg respetivamente.
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Ao longo das olimpíadas, as duas atletas têm sido constantemente acusadas de serem homens. Agora, são lançadas mais achas para a fogueira. Depois de terem sido excluídas pela Associação Internacional do Boxe (IBA) dos Mundiais de 2023, com base em testes que nunca foram tornados públicos, a argelina e a taiwanesa são alvo de ataque por parte de Umar Kremlev, empresário russo que é o presidente da instituição. De acordo com Umar, o médico grego Ioannis Filippatos, ex-diretor da comissão média da IBA, encontrou “anomalias”, em 2022. Que levaram a dois novos testes, um para testosterona e outro ao cariótipo, centrado nos cromossomas. “O resultado médico dos testes sanguíneos, e isto dizem os laboratórios, mostra que estas duas pugilistas são homens”, argumenta o médico em declarações citadas pela Lusa.
“Nasceu mulher, está registada como mulher, vive como mulher e luta como mulher”
Do outro lado do ringue está o Comité Olímpico Internacional (COI), que excluiu a IBA do movimento olímpico, que olha para as acusações como decisões “arbitrárias”. Realçando que estamos perante um não-assunto. “Imane Khelif nasceu mulher, está registada como mulher, vive como mulher e luta como mulher”, defende Mark Adams, porta-voz do COI. De salientar que tanto Imane Khelif como Lin Yu-ting já garantiram medalhas de bronze numa modalidade, que tal como o judo, atribui dois bronzes.
Imane Khelif pede que “bullying” termine e outras polémicas no boxe
No centro de toda esta polémica estão as pugilistas, em especial Imane Khelif. Que já veio a público pedir que se coloque um ponto final no bullying. “Pode destruir as pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas”, defende a atleta. E a verdade é que esta não é a única polémica relacionada com boxe. O espanhol Enmanuel Reyes Pla deixou duras críticas à arbitragem depois de ter perdido o combate das meias-finais em -92 kg. “Os árbitros estavam cegos”, dispara. “Quando o adversário não faz nada e mesmo assim vence”, desabafa em conversa com o AS. o pugilista vai mais longe e fala de outro combate. “Aconteceu o mesmo com o [José] Quiles. O uzbeque [Abdumalik Khalokov] não deu golpes e também saiu vencedor. Agora, parece que aquilo que se procura é um lutador que levante as mãos e que não dê golpes”, termina.
Fotos: Reuters