10 jogadores que sofreram de depressão

10 jogadores que sofreram de depressão

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10 jogadores que sofreram de depressão

Buffon, Iniesta, Kaká, Ronaldo “Fenómeno” e Danny Rose foram alguns dos grandes nomes do futebol mundial que passaram por este grave problema de saúde, que atualmente afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.

Artigo de Equipa Paraeles

28-11-2023

David Cotterill, extremo galês de 30 anos, foi um dos últimos futebolistas profissionais a assumir sofrer de depressão. O antigo futebolista do Birmingham City, Swansea, Portsmouth FC e Sheffield United e que na época passada representou os indianos do Atlético de Kolkata, confessou-se em entrevista à BBC, na qual abordou de forma detalhada o seu problema. Nos últimos anos, foram vários os jogadores que vieram a público reconhecer que padeceram ou padecem deste problema, alguns deles grandes estrelas do futebol internacional. Estima-se que a depressão afete cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde do ano de 2017. Vamos abordar dez desses casos, começando precisamente por David Cotterill.

David Cotterill

Aos 18 anos, David Cotterill era uma das grandes figuras do Bristol City, do segundo escalão inglês e uma das maiores esperanças do futebol britânico. “Tinha tudo, casas, carros e um bom salário. Mas houve alturas em que quando os treinos acabavam só queria ir para casa e deitar-me. Ficava horas na cama e principalmente no defeso, passava três ou quatro dias deitado, não comia, pensava nas piores coisas e não dormia. Não queria encarar o mundo”, revelou recentemente, em entrevista à “BBC”.

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“Anos mais tarde, metia-me no carro, conduzia por longas horas, parava e só pensar em coisas más. Pensei na forma mais fácil de cometer suicídio, apesar de ter mulher e filhos”, acrescentou. O extremo galês reconhece que nunca revelou o seu problema aos colegas ou aos treinadores e explica porquê. “Se fores uma das estrelas da equipa, provavelmente ajudam-te. Mas se fores apenas mais um, não o vão fazer. No futebol, evitamos as lesões nos joelhos e nos tornozelos mas ninguém nos ajuda a proteger o cérebro”, lamenta. Brincar com peças de Lego – passava muitas horas nos estágios dessa forma, algo que os seus colegas estranhavam – e cozinhar têm sido as suas grandes terapias para combater o seu problema e atira: “Se falar sobre isto me impedir de assinar um novo contrato, não quero saber. Prefiro não jogar futebol”.

Gianluigi Buffon

Na sua autobiografia, o guarda-redes Gianluigi Buffon confessou ter sofrido de depressão, com o período mais crítico a ocorrer entre dezembro de 2003 e junho de 2004. “Não estava satisfeito com minha vida e com o futebol e as minhas pernas tremiam constantemente. Conheci um buraco negro na alma durante seis meses, caí em depressão e tive de ser atendido por um psicólogo”, revelou, acrescentando: “Poderia ter milhares de razões para estar em depressão, mesmo sendo rico e famoso. E a verdade é que as pessoas vêem-te como um jogador e um ídolo e não se preocupam em saber como tu estás”.

Curiosamente, foi em Portugal que Buffon resolveu o seu problema de saúde. “Eu estava muito assustado com a estreia no Euro 2004 contra a Dinamarca e tinha medo de falhar. Acabei por fazer um bom jogo e no final dos 90 minutos foi a primeira vez em cinco ou seis meses que não senti as pernas tremerem. Era como se tivesse nascido de novo”, contou, revelando que conseguiu ultrapassar a depressão sem ter tomado remédios.

Andrés Iniesta

Em maio de 2018, Andrés Iniesta falou da depressão que sofreu entre 2009 e 2010. “Quando ia treinar, às vezes tinha de abandonar a sessão a meio porque estava muito mal. E muitas vezes, em casa, estava muito tenso porque sentia que algo podia acontecer. E quando ia com a minha mulher ao cinema precisava de sair antes do filme começar”, revelou.

“O mais incrível é que tinha uma grande vida. Ganhámos o “triplete” pelo Barça e tinha uma vida privilegiada, as pessoas à minha volta estavam saudáveis, tudo corria bem. Era incompreensível que eu por dentro não estivesse bem e não sentisse nada”, acrescentou. O médio reconheceu que tinha de procurar ajuda. “Houve um momento em que percebi que não podia mais. Tive a capacidade de ver que necessitava de alguém para sair dessa situação e pedi ajuda ao médico do Barcelona. Felizmente tudo se resolveu”, realçou.

Danny Rose

A depressão de Danny Rose, defesa direito do Tottenham, derivou de vários problemas que o afetaram ao mesmo tempo. Primeiro, a lesão sofrida em janeiro de 2017. “Disseram-me que iria ficar afastado da competição durante três meses. Foi muito duro para mim e fiquei tão mal que o médico do clube me obrigou a consultar um psicólogo”, revelou.

Tudo ficou ainda pior com problemas que afetaram familiares. “Em agosto, a minha mãe sofreu insultos racistas em Doncaster e ficou muito em baixo e poucos dias depois, assaltaram a casa do meu irmão, que por pouco não levou um tiro na cara. Por fim, o meu tio suicidou-se. Tudo isto desencadeou a minha depressão”, acrescentou. “Deveria estar concentrado na minha recuperação, mas passava dias e dias fechado em casa. Acabei por aceitar ajuda, tomei medicamentos e recuperei”, concluiu.

Kaká

Em janeiro de 2018, foi a vez de Kaká confessar ao mundo que padeceu de uma depressão. A revelação do antigo médio foi feita durante o “Janeirão”, evento da Igreja Batista do Povo, na Vila Mariana, em São Paulo. Os seus problemas ocorreram em 2013, quando tinha acabado de sair do Real Madrid e se lesionou no primeiro jogo que disputou ao serviço do AC Milan, para onde havia regressado.

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“Tinha saído de um lugar onde eu não era desejado pelo público e voltei a um sítio onde fui feliz. No entanto, lesionei-me logo na primeira partida e fiquei a saber que ia ficar seis semanas sem jogar. Cheguei a ligar para o presidente a dizer que iria encerrar a minha carreira”, referiu. “Comecei a questionar Deus pelo que me estava a acontecer e foi aí que descobri que estava com depressão. Tinha dúvidas sobre quem eu era e fui procurar ajuda profissional. Foi-me detetada depressão com sintomas de ansiedade, fui tratado e comecei a tomar o remédio até que isso fosse diminuindo”, acrescentou.

Kaká apoiou-se na religião para superar o seu problema. “Entendi que eu era filho de Deus. Podia já não ser o melhor jogador do mundo, mas também não era o pior. Foi um momento de carreira distinto, mas eu continuava a ser filho de Deus. Aos poucos, fui entendendo a minha identidade em Cristo e por isso é que hoje em dia sou muito bem resolvido para vir aqui e contar esta história”, finalizou.

Cicinho

O defesa direito Cicinho passou por grandes clubes como o Real Madrid e a AS Roma e hoje em dia, com 38 anos, joga no Brasiliense, do quarto escalão do futebol brasileiro. Em 2010, passou quatro meses no São Paulo FC, na sua segunda passagem pelo clube e foi nessa altura que lhe foi diagnosticada uma depressão, a que se aliava um problema de alcoolismo.

“Existem vários tipos de depressão: a depressão do consumismo, a depressão de ficar somente na cama, e eu escondia a minha depressão atrás do álcool. Não conseguia ficar um dia sem beber e cheguei a um ponto em que já não tinha mais condições para administrar o que eu tinha”, reconheceu. Para além do tratamento médico, Cicinho diz que o facto de ter passado a ser evangélico contribuiu para que conseguisse ultrapassar o problema. Garante que não toca em álcool desde 2012 e que a depressão está controlada.

Ronaldo “Fenómeno”

Ronaldo “Fenómeno” entrou em depressão entre 1999 e 2002, num período em que combatia uma grave lesão num joelho. “Era um problema físico sem precedentes e não tínhamos a certeza de que como fazer o tratamento. Fiquei com depressão e só a superei quando me apeguei às coisas positivas da recuperação e consegui manter o foco”, afirmou. Mais tarde, em 2008, voltou a sofrer um quadro de depressão aguda, quando ficou vários dias sem sair da cama, depois do escândalo mediático em que se viu envolvido, devido à célebre história com três travestis, com quem esteve num motel e terá recusado pagar o serviço.

Stan Collymore

“Estou a escrever e tenho o cérebro pesado, nublado e distante, mas eu sei que preciso passar para o papel o que estou a sentir, porque há muitas pessoas a passar pelo mesmo e que precisam de saber que têm uma doença, apenas uma doença. Não sou mau, louco, maluco ou fraco, apenas doente e esta doença traz muito sofrimento aos seus portadores, bem como aos respetivos familiares e amigos que estão ao pé de nós, mas sentem que não podem ajudar, mas a verdade é que podem”.

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Foi desta forma emotiva que em setembro de 2011, no Twitter, Stan Collymore retratou a sua batalha contra a depressão. O antigo avançado, que brilhou ao serviço do Nottingham Forest e do FC Liverpool diz que sofreu de depressão nos últimos meses de seus dois anos no clube de Anfield e que não consegue identificar o que desencadeou a doença. Agora, refere que vive um dia de cada vez.

Nilmar

Em julho de 2018 Nilmar falou sobre a grave depressão que o afetou e que o obrigou a abandonar o Santos, em setembro de 2017. Na altura, estava a ser medicado e foi ele próprio que pediu para rescindir o contrato, de modo a tratar-se convenientemente. O atacante, que para já descarta um regresso aos relvados, mas sem fechar totalmente a porta, garante que já ultrapassou o problema de saúde: “É verdade que tive uma depressão, mas estou muito bem e até brinco com a minha família, dizendo que nunca estive tão bem como hoje em dia”.

Cristaldo

Jonathan Cristaldo, avançado do Racing Club, da Argentina, revelou o seu problema de saúde em setembro deste ano. Teve uma grave depressão em 2017, numa altura em que era habitual suplente no Vélez Sarsfield. “Passei por momentos bastante obscuros. Lembro-me que uma vez ia a conduzir e tive um ataque de pânico, devido à depressão que tinha. Pensei em bater com o carro de propósito, pois só queria morrer”, referiu, acrescentando: “O meu escape era comer e às vezes beber um pouco para lá da conta. Não estava bem psicologicamente e nunca na minha vida pensei que passaria por isso.

“Não desejo este sentimento a ninguém. Sou uma pessoa bastante alegre, mas nestes momentos só pensava em coisas más. Via mal em tudo, em mim e nos outros”, recorda. Hoje em dia, garante que já ultrapassou o seu problema. “Recuperei a alegria e sinto-me de novo como um profissional de futebol. Voltei a treinar com afinco, e dou valor às pequenas coisas da vida”, destacou.

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Equipa Paraeles

28-11-2023



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