Três cartazes e 5 BAFTA à beira da estrada

Três cartazes e 5 BAFTA à beira da estrada

Culto

Três cartazes e 5 BAFTA à beira da estrada

O filme do realizador Martin McDonagh foi o grande vencedor dos BAFTA. Mas caso se mantenha a tradição, é um mau prenúncio para os Óscares.

Artigo de Bruno Seruca

19-02-2018

A cerimónia de entrega daqueles que são considerados os «Óscares» britânicos realizou-se ontem (18) em Londres. «A Forma da Água», do realizador Guillermo del Toro, era o grande favorito da noite, mas o maior destaque foi para «Três Cartazes à Beira da Estrada». O filme de Marin McDonagh arrecadou cinco BAFTA. Caso se mantenha a tradição, esta conquista significa que o filme não irá conquistar o Óscar destinado à melhor longa-metragem. Numa noite maioritariamente masculina, outro dos destaques foi para o ambiente marcado pelas revelações de abusos sexuais na indústria cinematográfica.

A 71ª edição dos prémios da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (BAFTA) elegeu «Três Cartazes à Beira da Estrada» como o melhor filme. A longa-metragem que conta a história de uma mãe que procura justiça após a morte da filha levou para casa ainda mais quatro prémios. Ao já referido juntam-se melhor filme britânico, melhor argumento original, melhor atriz (Frances McDormand) e melhor ator secundário (Sam Rockwell). O realizador Guillermo del Toro, que era um o grande favorito da noite, teve de se «contentar» com o BAFTA destinado ao melhor realizador. «A Forma da Água» conquistou ainda mais dois prémios «menores»: melhor música e melhor desenho de produção.

 

Cerimónia envolta em polémica.

 

Gary Oldman, bastante elogiado devido à sua prestação enquanto Winston Churchill em «A Hora Mais Negra», levou para casa o BAFTA de melhor ator principal. Destaque ainda para o realizador Ridley Scott. Que foi homenageado com um BAFTA honorífico devido à contribuição que tem dado à indústria cinematográfica. Este momento fica marcado pelo estrondoso aplauso de pé com que o realizador foi agraciado no Royal Albert Hall. «Não me quero comover, mas na verdade, estou emocionado. Há 40 anos que faço este trabalho e é a primeira vez que me dão algo», disse Ridley Scott. Por sua vez, Allison Janney foi distinguida como melhor atriz secundária devido à sua prestação em «Eu, Tonya».

Como era expectável, diversas celebridades surgiram no evento vestidas de preto. Trata-se de um novo protesto contra os escândalos que têm revelado o lado negro de Hollywood. Dando a conhecer a envolvência de grandes nomes da indústria. Não se trata de surpresa porque é algo que tem vindo a acontecer em diversas cerimónias de entrega de prémios. E também porque os abusos sexuais de que várias atrizes se queixam ainda têm forte destaque na agenda mediática mundial. Estes dados fizeram com que a 71ª edição dos BAFTA ficasse marcada por alguma polémica. Tudo porque as principais categorias (melhor filme, melhor filme britânico e melhor realizador) só tinham homens (ou filmes realizados por homens) na lista de candidatos.

 

Mau prenúncio para os Óscares.

 

Se olharmos para os BAFTA como a antecâmara dos Óscares, podemos presumir que «Três Cartazes à Beira da Estrada» não irá conquistar a desejada estatueta dourada destinada ao melhor filme. No ano passado, «La La Land» conquistou o BAFTA para melhor filme, mas quem levou o Óscar foi «Moonlight». Há dois aconteceu o mesmo. BAFTA para «The Revenant: O Renascido», Óscar para «O Caso Spotlight». E na edição anterior a essa verificou-se a mesma situação com «Boyhood: Momentos de Uma Vida» e «Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância». Já falta pouco tempo para saber se a tradição ainda é o que era.

Foto: Reuters

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Artigo de
Bruno Seruca

19-02-2018



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