Passaram mais de três anos desde a morte acidental da diretora de fotografia Halyna Hutchins no set de filmagens de Rust, filme protagonizado por Alec Baldwin. Tendo sido o ator, de 66 anos, a estar envolvido no disparo acidental que levou à morte da colega de equipa. Agora, com Rust a fazer a estreia na Polónia, o ator confidencia à Variety que não quer ver a edição final do filme escrito e realizado por Joel Souza. “É obviamente a coisa mais difícil com que já lidei na vida”, desabafa.
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Foi em Turim, Itália, no primeiro festival de cinema em que aparece desde o incidente que Alec Baldwin esteve à conversa com a Variety. O ator foi questionado sobre a estreia de Rust. “Há dois pontos que quero abordar sobre essa questão, e eu aprecio a questão. Um é que na imprensa, a noção de que alguém lucrou com a venda e distribuição do filme é descaradamente falsa. Para terminar o filme — e essa é a única coisa que posso dizer sobre ele porque tenho outro processo [civil] pendente — viajamos para Montana. Todos os meus médicos me disseram “não vá” — profissionais de saúde mental, cardiologistas. Quer dizer, fiquei muito doente depois por um tempo, fisicamente esgotado e doente. Mas eu fui”, começa por dizer.
Alec Baldwin deu o que ia receber com o filme ao marido da diretora de fotografia
“Eu disse a Joel, ‘Vai fazer isso? Se acha que é importante fazer isso, eu farei. Se a única maneira de resolvermos o caso com o marido [de Hutchins] e o espólio é terminar o filme, vamos fazer isso.’ Então fomos para Montana. Terminamos… E abri mão da minha parte. Devolvi-lhes o valor no orçamento. Abri mão de toda a minha parte. Dei tudo para o marido dela. Ele é dono do filme. O marido dela, eu acredito, é o único dono do filme, embora eu possa estar errado. Tudo foi feito com isso em mente”, explica.
“Não vi o filme”
Alec Baldwin diz ainda que não viu a edição final de Rust. “Eu não vi o filme. Mas, novamente, espero que o filme seja lançado, que saia. Que retorne o dinheiro para os investidores. Nunca se quer que essas pessoas que acreditaram no projeto sejam deixadas na mão. E espero que o filme seja vendido, e que ele [Matt Hutchins, marido de Halyna] receba o dinheiro. Todos nós fizemos um acordo com ele e todos nós queremos cumpri-lo. Mas essa ideia de que as pessoas – que permanecerão anónimas – dizem: ‘Está a lucrar com isso!’ Isso é absolutamente errado”, lamenta.
“Quero que todas as coisas de Rust saiam do meu para-brisas”
E será que a estrela de Hollywood quer ver a versão que irá chegar aos cinemas? “Agora, não. Só porque essa é obviamente a coisa mais difícil com a qual já lidei na minha vida. Além das vítimas em si, a coisa que mais me dói é o que aconteceu com minha mulher. A minha mulher ficou muito, muito traumatizada com isso. Houve muita dor. Quando és casado com alguém e tudo estava a ir muito bem e tínhamos sete filhos… e o chão cai. É muito assustador e muito perturbador”, refere.
O ator recorda ainda que não foi fácil avançar com o filme e que existir euforia no início das filmagens. “Estávamos todos felizes por estar lá, estávamos felizes por fazer o filme. E estou feliz que o filme foi concluído. Foi uma tragédia, que, claro, faríamos qualquer coisa para desfazer. Mas chegamos à refilmagem e foi um filme melhor em muitos aspetos”, defende. “Mas, por enquanto, quero que todas as coisas de Rust saiam do meu para-brisas, para que possa ir e fazer outras coisas e ser um pai para meus filhos”, termina.
Fotos: Reprodução IMDb