A banda brasileira é considerada de forma unânime o maior fenómeno da música brasileira. Apaixonaram por terras de Vera Cruz com um toque de portugalidade: O vira. Descobre mais sobre o percurso da banda.
Artigo de Hugo Mesquita
19-09-2017
“Os maiores heróis de carne e osso que o Brasil já teve.” Uma frase do jornalista brasileiro Ivan Finotti, que descreve na perfeição o efeito que os Mamonas Assassinas tiveram sobre o povo de terras de Vera Cruz. O sucesso durou pouco mais de sete meses (de 23 junho de 1995 a 2 de março de 1996) mas foi o suficiente para deixar a banda formada em Guarulhos, São Paulo, no patamar de outros heróis brasileiros como Ayrton Senna ou Pelé.
São retratados como uma banda de Rock Cómico, devido às letras das suas músicas mas, no que a nível musical diz respeito, a complexidade do reportório dos Mamonas é assinalável.
Na sua génese foram uma banda de pop rock que tinha influências de muitos outros géneros como sertanejo, forró, reggae e até do português, vira. Este género do folclore português, característico da zona do Minho, é a base de uma das músicas de maior sucesso do grupo: o “Vira-Vira”.
A letra de “Vira-Vira” é uma sátira ao povo português. Foi inspirada numa anedota do humorista brasileiro Costinha, que conta a história de um português que foi convidado para uma orgia. São comuns anedotas sobre portugueses no Brasil.
Demorou algum tempo até a banda atingir o sucesso conhecido. Tudo começou em 1989, quando Sérgio Reoli, Bento Hinoto e Samuel Reoli formaram os Utopia que começou por ser uma banda de ‘covers’ de outras bandas brasileiras como Legião Urbana e Titãs.
Dinho chega à banda vindo do público
Num concerto em São Paulo, o público pediu ao grupo que tocasse “Sweet Child o’Mine”, dos Guns N’ Roses. Como não sabiam a letra pediram ajuda de alguém do público para que cantasse com eles a música, e é aí que surge Dinho. A performance do jovem levou o público ao rubro e, assim, estava encontrado o novo vocalista da banda. Com ele, integrou também a banda o amigo Júlio Rasec.
Mas foi apenas em 1995, quando assinaram contrato com a EMI que a banda conseguiu o almejado sucesso. Mudaram o nome para Mamonas Assassinas e conquistaram o Brasil. A banda conseguiu inúmeros feitos, como ter vendido mais de 3 milhões discos em menos de um ano, ou de terem o disco de estreia mais vendido de sempre no Brasil.
Mas tudo terminou, de forma trágica, a 2 de março de 1996. A banda regressava a São Paulo num jato particular de um concerto em Brasília. A aeronave chocou contra uma serra já perto do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O embate tirou a vida a todos os ocupantes do jato.
A banda preparava-se para vir para Portugal para dar uma ronda de concertos no nosso país, o que acabou por não acontecer.
Hoje, passados 21 anos, ainda são recordados com saudade.