Não há dúvidas. O sexo depois daquela discussão que não terminou, ou até após uma separação, tem uma intensidade diferente do habitual. É um momento mais intenso, corporal e vibrante. Discutiram e, num estalar de dedos, vêem-se frente-a-frente, na cama. Para muitos homens e mulheres, o sexo de reconciliação (ou o “make-up sex”) é considerado um dos momentos para mais tarde recordar. Com isto, sabe por que é que este contexto torna o sexo tão bom e memorável para tantos casais. Será que faz mesmo bem à relação?
Teoria científica explica momento único
Estudos relatam que o sexo de reconciliação debita uma taxa de elevada excitação ao casal, que é proveniente das discussões. Estes casos geram zanga e raiva, mas também poderão transmitir, implicitamente, que temos carinho pelo nosso parceiro e não sabemos como o dizer. As emoções violentas misturam-se com o desejo e a atração física, levando a um clímax único. Quem o diz é Aaron Ben-Zeév, filósofo e um dos mais reconhecidos especialistas internacionais no estudo das emoções o autor da teoria da “transferência da excitação“. E não só…
Conexão sem igual. O sexo de reconciliação marca que o casal poderá ser capaz de “estar junto para tudo”. É uma troca de energias possivelmente nunca antes testemunhada e canalizada pelos dois. As tensões negativas dissipam e vão sentir-se mais ligados.
“Tudo em pratos limpos”. Depois do sexo incrível, poderão existir sinais de que ambos estão chateados. Porém, é aí que poderá surgir uma questão como: “para quê continuar a discutir?”. Caso tenhas sido tu a fazer algo mal, não hesites em ceder e pede desculpa. Aproveitem a boa onda para resolver as coisas, é a altura ideal. Poderão acabar numa conversa bastante produtiva de horas até adormecerem bem agarradinhos. Prepara-lhe o pequeno almoço na manhã seguinte, que tal?
Remédio santo? O verdadeiro sexo de reconciliação não surge com qualquer chatice pois revela ser mais intenso do que o normal. Como já é conhecido, as relações sexuais têm benefícios terapêuticos para o cérebro que irão contribuir para que ambos retomem a abordar o tema que vos levou a discutir, com mais calma.
No entanto, tem muito cuidado. Existem muitos riscos associados ao “make-up sex”. Este momento não se pode tornar rotina na tua relação. A causa do vosso conflito nunca é resolvida pois o sexo acaba por proporcionar apenas uma sensação ilusória de entendimento. Além disso, este comportamento mantido a longo prazo, poderá aumentar sentimentos de culpa e insatisfação. A eficácia e sucesso deste “método” de resolver problemas vai diminuir porque o sexo de reconciliação não promove o diálogo necessário. “A magia acaba” e não podes esperar que todas as relações acabem sempre na cama.
A ciência sexual comprova
O sexólogo Fernando Mesquita explica: “Para alguns casais “fazer as pazes com sexo” permite passar-se de um momento de raiva para um amor louco, apaixonado e intenso. Apesar de ser um artifício que resulta para alguns, não deve ser tomada como uma panaceia para todos os casais ou situações.
Depois de uma discussão mais acesa, as emoções estão à flor da pele, as pessoas sentem-se mais expostas e vulneráveis, dando a ilusão de ser o momento perfeito para uma ligação físico-emocional íntima e profunda. Numa discussão existe libertação de adrenalina e as áreas cerebrais ativadas estão muito próximas das da estimulação sexual o que pode dar uma sensação de aumento de excitação sexual. Tanto numa discussão quanto no sexo, a parte instintiva é ativada. Há intensificação das reações e das percepções (aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial, pupilas dilatadas, etc).
Embora muitas pessoas refiram que o sexo de reconciliação é incrivelmente explosivo, existem outras que ficam de tal forma magoadas e chateadas que “sexo” é a ultima palavra que lhes passa pela cabeça. Alguns homens recorrem ao sexo, como forma de reconciliação, pois sentem-se incapazes de dizer por palavras o que sentem e o quanto gostam da parceira. Usar o conflito para tornar as relações sexuais mais “picantes”, pode parecer muito estimulante mas, se for usado como único recurso, pode tornar-se muito desgastante e perigoso para a relação.
Além disso, é importante que o casal avalie se não está a refugiar-se no sexo como forma de evitar abordar assuntos que sejam motivo de discórdia entre ambos.”
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