Sarah Wayne Callies: “Talvez realize algo que seja filmado em Lisboa”

Sarah Wayne Callies: “Talvez realize algo que seja filmado em Lisboa”

Entrevistas

Sarah Wayne Callies: “Talvez realize algo que seja filmado em Lisboa”

Brilhou na pele da médica de “Prison Break” e como Lori Grimes em “The Walking Dead”, mas a personagem que traz Sarah Wayne Callies a Portugal é a preferida da carreira.

Artigo de Bruno Seruca

05-04-2018

Estivemos à conversa com a atriz que nunca sobreviveu a uma terceira temporada. O motivo da conversa foi a estreia de “Colony”, uma série do canal Syfy, mas ficamos a saber muito mais sobre Sarah Wayne Callies, que não é a favor do politicamente correto e que gostava de viver em Lisboa. Fã de Tango Argentino, a eterna Sara Tancredi de “Prison Break” podia estar hoje a trabalhar num circo, mas é na televisão que continua a brilhar.

É a primeira vez que está em Portugal?
Sim, e não será a última! Prometo que irei voltar.

Teve tempo para passear e até partilhou algumas imagens de Lisboa no Instagram. Do que mais tem gostado, esquecendo o tempo chuvoso?
Em relação ao tempo, vivo no Canadá (risos). A arquitetura é magnífica, muito bonita. Vivo na América do Norte e os prédios parecem ter sido todos construídos na noite passada. São muito recentes. Quando visitamos a Europa é impossível não reparar na história e na idade. É muito bonito. O vinho é incrível e certamente que não necessito de lhe dizer isto. Não me dá dores de cabeça (risos). Aprecio quando estou a beber a na manhã seguinte (risos). É tudo muito bonito. Tenho passeado com a minha filha e Lisboa é a primeira cidade europeia que visita.

Muitas celebridades internacionais estão a comprar casa em Lisboa. Poderá ser a próxima?
Não sei se tenho dinheiro [para viver em Lisboa], pois não me parece ser barato (risos). Mas é uma cidade fantástica e quero regressar com o meu marido e filho. Sou alérgica a marisco e eles adoram (risos).

“Não sei se tenho dinheiro [para viver em Lisboa], pois não me parece ser barato”

O que os portugueses podem esperar de “Colony”, série que está a ser um grande sucesso?
Acima de tudo é a história de uma família a sobreviver a uma ocupação. A questão que a série coloca é aquela com que muitas famílias já tiveram de lidar em todo o mundo. Famílias que viveram com ditaduras. Comprometes as tuas crenças para proteger a família ou comprometes a família para lutares pelas tuas crenças? É uma questão que não tem uma resposta certa. E esta é a história de “Colony”.

 

Li uma crítica internacional em que é dito que se trata da série de maior relevo na televisão. Concorda?
É engraçado porque a ficção científica tem a tradição de explorar temas contemporâneos. É duro ver as notícias porque são muito desencorajadoras e isso faz com que se queira desligar a televisão. O entretenimento consegue lidar com temas atuais através das séries. Tal como fez “Star Trek”, e sou uma grande fã de Sci-Fi. Que lidava com problemas de raças e classes. E na altura era muito complicado falar disso na América. “Battlestar Galactica” foi a forma mais inteligente de discutir o US Patriot Act e o equilíbrio entre liberdade e segurança. “Colony” começou durante a presidência de Obama e existia a fantasia de um governo liderado por alguém que não merecia o emprego. Alguém que tinha fome de poder e só queria construir um muro. E isso acaba por acontecer na realidade.

“É duro ver as notícias porque são muito desencorajadoras e isso faz com que se queira desligar a televisão. O entretenimento consegue lidar com temas atuais através das séries”

A sua personagem irá lidar com muitas escolhas difíceis. Existe algum ponto de ligação entre si e a personagem?
Sim! Tenho a sorte de ter vivido até agora sem ditaduras, ao contrário do que aconteceu em Portugal, Espanha e África do Sul, por exemplo. Apesar de estarmos cada vez mais perto na América. No outro dia, Trump disse qualquer coisa sobre presidência para a vida e se isto não define um ditador, não sei o que define. Mas o meu avô foi refugiado e trabalhei de perto com vários. Quando comecei a fazer esse trabalho, ninguém queria falar disso na imprensa. Porque é aborrecido e nada sexy. Agora, as pessoas já falam porque é muito intenso, emocional e envolve muitas políticas. Algo que tenho em comum com a personagem é que não quero saber se é educado falar sobre certas coisas. Vou falar sobre aquilo em que acredito, independentemente de aborrecer os outros. O silêncio não protege as pessoas, mas a ação sim.

Em Portugal vamos assistir à primeira temporada de “Colony”, mas nos Estados Unidos já vai na terceira. E a Sarah nunca sobreviveu a uma terceira temporada…
Nunca (risos)! Mas deram-me um episódio de “Colony” para realizar na terceira temporada. Talvez tenha sido uma maneira de me darem mais apoio (risos).

“Quando comecei a fazer esse trabalho [com refugiados], ninguém queria falar disso na imprensa. Porque é aborrecido e nada sexy”

Em Portugal as pessoas gostam muito de Sara Tancredi (“Prison Break”) e de Lori Grimes (“The Walking Dead”). Irá acontecer o mesmo com Katie Bowman?
Isso depende dos fãs. Mas Katie é a minha personagem preferida de sempre. A Lori nunca teve a sua própria história. Existia na história para educar o público sobre o Rick e o Shane. Ela era a protagonista feminina porque era casada com o protagonista masculino. A televisão está a começar a mudar e em “Colony”, Katie é a protagonista porque tem as próprias ideias. O nível de história está no mesmo patamar do marido. E isso é fantástico. Tem de tomar decisões diariamente e nem todas estão totalmente certas nem totalmente erradas. É isto que sinto diariamente como mãe (risos).

Gosta de dançar tango e de cozinhar. Que outros talentos tem que os portugueses ainda não conhecem?
(Risos). Estudei trapézio durante três anos. Por isso fui uma artista durante algum tempo. O meu marido dançava com uma instrutora de Tango Argentino. Foi ele que me ensinou a dançar, mas nunca estive na Argentina. Espero um dia ir a Buenos Aires só para dançar. A única coisa surpreendente é que nunca bebi uma chávena de café. Algo que parece louco para a maior parte das mães (risos).

Continua a não ver filmes de terror?
Até o “The Walking Dead” me mete medo. Não consigo ver a série. Estou sempre a matar os meus amigos. É uma coisa terrível para ver (risos).

Quando voltaremos a vê-la em Portugal?
O mais depressa possível. Gostava de filmar aqui. É uma cidade bonita. Seria bom viver aqui algum tempo em vez de ser turista. Talvez realize algo que seja filmado em Lisboa. Seria muito bom.

Fotos: Nuno Moreira

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Artigo de
Bruno Seruca

05-04-2018



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