Mário Fernandes, o “russo” que falhou treinos por estar bêbedo e foi cobiçado por José Mourinho

Mário Fernandes, o “russo” que falhou treinos por estar bêbedo e foi cobiçado por José Mourinho

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Mário Fernandes, o “russo” que falhou treinos por estar bêbedo e foi cobiçado por José Mourinho

Mário Fernandes chegou a recusar atuar pela seleção do país onde nasceu, venceu os problemas com o álcool e hoje em dia é uma das estrelas da equipa de Stanislav Cherchesov.

Artigo de André Cruz Martins

14-06-2018

Rússia e Arábia Saudita dão esta quinta-feira o pontapé de saída no Campeonato do Mundo 2018 e a equipa da casa deverá contar com o brasileiro Mário Fernandes no onze inicial. O defesa direito de 27 anos adquiriu cidadania russa em 2016 e, desde 2017, que defende as cores da seleção europeia, tendo inclusivamente dado nega ao seu país natal.

E como reagem os adeptos russos à presença de um futebolista naturalizado no grupo de 23 convocados para o Mundial? De acordo com uma reportagem realizada pela ESPN há poucos dias, registou-se uma grande divisão entre os inquiridos, com uma igualdade entre os defensores e os que torceram o nariz.

No mercado de janeiro de 2012, José Mourinho colocou Mário Fernandes no topo das suas prioridades para o reforço do Real Madrid. Na altura, jogava no Grémio de Porto Alegre e tinha apenas 21 anos. O negócio não terá ido para a frente porque Florentino Pérez, presidente dos “merengues”, recusou-se a pagar 15 milhões de euros por um desconhecido, isto numa altura em que havia um defesa direito a despontar na equipa B do Real Madrid, Carlos Carvajal de seu nome.

Curiosamente, este último foi vendido poucos meses depois ao Bayer Leverkusen, mas o Real Madrid recomprou-o passado um ano. Mário Fernandes começou a carreira profissional como defesa central, ao serviço do Grémio, clube ao qual chegou nos juniores, depois de ter passado pelo São Caetano. Era um jogador elegante, com muita técnica e forte no jogo aéreo e rapidamente foi apelidado de “novo Lúcio”. Curiosamente, a Juventus já seguia Mário Fernandes quando em 2013 acabou por contratar Lúcio.

Em junho de 2011, uma crise de lesões no lado direito da defesa do Grémio desviou Fernandes para essa posição. E a verdade é que cumpriu, embora a contragosto. “Espero voltar rapidamente para a minha posição natural de central”, reconheceu na altura.

Falhou treinos por estar bêbedo

Ainda em 2011, o selecionador brasileiro Mano Menezes chamou Mário Fernandes para um particular com a Argentina, mas de forma surpreendente o jogador recusou-se a jogar, referindo que preferia focar-se no seu clube. O seu empresário deu seguinte justificação: “o Mário atravessa problemas pessoais não está nas adequadas condições psicológicas para corresponder à convocatória da sua seleção nacional”.

Dizer não à seleção é quase crime lesa-pátria no Brasil e Mário Fernandes ficou logo com o rótulo de indisciplinado e rebelde. Algo que o próprio reconheceu ser verdade alguns anos mais tarde, quando em entrevista revelou que passava a vida em discotecas e afundado no álcool, o que levou a que tivesse faltado a alguns treinos no Grémio.

No início da época de 2012/13, transferiu-se para o CSKA Moscovo (o FC Porto foi um dos clubes que o cobiçou), e no clube russo foi quase sempre utilizado como defesa direito com grande eficácia, destacando-se pela rapidez com que subia pelo flanco e efetuava cruzamentos venenosos. E rapidamente venceu a desconfiança dos adeptos, que ficaram atónitos com os 15 milhões de euros que o CSKA pagou pelo seu passe, o que o transformaram, à data, no futebolista mais caro da história do clube.

Selecionador russo comparou-o a um cão

Encarreirou a vida na Rússia, onde quase se pode dizer que se tornou num modelo de virtudes. Em setembro de 2014, Dunga, selecionador do Brasil na altura, chamou-o para um particular com o Japão e foi aí que cumpriu a sua única internacionalização pela “amarelinha”.

Em 2017 concluiu cinco anos em Moscovo e passou a ser cidadão russo. E como sabia que teria muito mais possibilidades de jogar pela seleção local no Mundial de 2018, não hesitou e respondeu afirmativamente ao convite. E até marcou no seu jogo de estreia, um particular com o Dínamo Moscovo. Na atual estrutura de 3.5.2 usada pelo selecionador Stanislav Cherchesov faz todo o flanco direito, aproveitando as suas excelentes qualidades ofensivas.

“Hoje sou russo e agradeço o carinho de todos no país. Gostam muito de mim e eu só tenho de corresponder dentro de campo”, afirmou, em entrevista recente à “Folha de São Paulo”. E garantiu fidelidade ao CSKA Moscovo. “Ficarei enquanto o clube me quiser e só sairei quando o clube prescindir dos meus serviços”.

Hoje em dia, Mário Fernandes só é criticado por ainda não saber falar fluentemente russo, apesar de já viver no país há seis anos. “Ele é como um cão. Percebe tudo mas não consegue falar nada”, atirou recentemente o selecionador russo.

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Artigo de
André Cruz Martins

14-06-2018



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