Chapecoense: Um ano depois da tragédia

Chapecoense: Um ano depois da tragédia

Desporto

Chapecoense: Um ano depois da tragédia

Um ano depois do acidente que roubou a vida a praticamente uma equipa brasileira, ainda não foram pagas indemnizações. Descobre também como está a vida dos sobreviventes de uma das maiores tragédias do futebol mundial.

Artigo de Bruno Seruca

29-11-2017

Existem diversas datas que nunca serão apagadas da história do futebol mundial. O dia 29 de novembro de 2016 é um exemplo. Mas neste dia ninguém ganhou nenhuma taça. Nenhum clube foi campeão. Não existiram golos de levantar o estádio. A euforia desses momentos cedeu o lugar a uma gigantesca tristeza. Porque foi nesse dia, quando o relógio assinalava as 1h15, que se despenhou, na Colômbia, o avião que transportava a equipa brasileira da Chapecoense. Morreram 71 pessoas e só sobreviveram seis: três jogadores, um jornalista e dois tripulantes. Um ano depois da tragédia, fica um imenso vazio. E muitas respostas por dar.

 

 

Um ano depois do acidente ainda não foi apurada a responsabilidade da queda da aeronave que transportava a equipa brasileira com destino a Medellín, onde a Chapecoense iria disputar a primeira final da Copa Sul-Americana. Os governos brasileiros e colombianos estão envolvidos na investigação. Mas a ambos poderá juntar-se o venezuelano. Isto porque o avião, da LaMia, poderá ter donos venezuelanos. No papel a aeronave pertence a Miguel Quiroga – piloto que morreu no acidente – e a Marco António Rocha, que está em paradeiro desconhecido. De acordo com a comunicação social brasileira, existem documentos que envolvem a venezuelana Loredana Bartolomé, filha do ex-senador Roberto Albacete Vidal, no aluguer da aeronave. Pai e filha podem ser os donos da LaMia.

 

Um ano depois da tragédia ainda não existem certezas em relação aos donos do avião.

 

Autorização de voo e motivo da queda
Célia Castedo é um nome importante em todo este processo. Foi a ex-funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia quem assinou o plano de voo. Porém, assinalou cinco observações. Como o tempo de voo ser praticamente igual à autonomia do avião, o que impedia a existência de uma margem de segurança. Um relatório preliminar aponta a falta de combustível como motivo da queda.

 

Chapecoense: Um ano depois da tragédia
Destroços do avião

 

Indemnizações e detenções
O governo boliviano atribuiu a culpa do acidente a quatro pessoas. Gustavo Vargas Gamboa, diretor-geral da LaMia, foi detido em 2016. O filho, Gustavo Vargas Villegas, diretor de Registo Aeronáutico Naciona da Direção Geral de Aeronáutica Civil também foi detido. Neste caso por ter autorizado, em 2014, a importação da matrícula provisória do avião. Marco Antonio Rocha Venegas, diretor de Operações da LaMia, está em paradeiro incerto. E Célia Castedo, acusada de homicídio culposo, acabava de renovar o pedido de asilo no Brasil.

 

A seguradora recusa pagar o seguro de 21 milhões de euros por entender que piloto e companhia voaram propositadamente sem combustível.

 

As indemnizações nunca foram pagam. Só a Chapecoense pagou o seguro obrigatório que tinha. A Bisa, seguradora da companhia aérea, recusou pagar o seguro de 21 milhões de euros, entendendo que o piloto e a companhia aérea voaram propositadamente sem combustível. A seguradora ofereceu 168 mil euros a cada família das vítimas, desde que desistam de processar pessoas ligadas à LaMia. Um valor que ainda não foi aceite.

A vida dos sobreviventes
Da lista dos seis sobreviventes, destacam-se quatro: os jogadores Hélio Neto, Alan Ruschel e Jackson Folmann e o jornalista Rafael Henzel. O jornalista brasileiro demorou apenas um mês a voltar ao trabalho. Tendo feito um relato do jogo da equipa brasileira. «A recuperação não é fácil porque além da dor física você tem a lembrança, tudo remete ao momento do acidente», disse ao NSC Notícias.

 

«Volta tudo aquilo que vivi. Esse sonho que realizei de novo superou as minhas expectativas», diz o sobrevivente Alan Ruschel. Que já voltou a jogar. «Hoje sou um homem de ferro. E quem é de ferro nunca casa», acrescenta Folmann.

 

Um dos momentos mais emocionantes destes 12 meses foi o regresso de Alan Ruschel aos relvados. Algo que aconteceu no amigável contra o Barcelona. «Volta tudo aquilo que vivi. Esse sonho que realizei de novo superou as minhas expectativas», explica. Por sua vez, e devido a graves lesões no joelho e coluna, Neto espera poder voltar aos relvados no próximo ano. «Achei que voltaria antes, mas não consegui. Acho que o corpo está bom para voltar a ser um atleta. Aos poucos volto ao nível que estava. Sei que os meninos morreram e não estão vendo, mas me coloco no lugar deles. Se tivesse morrido e eles ficado? Desejaria que eles fossem felizes. E é assim que tenho que viver», refere. Por fim, Folmann, que teve uma perna amputada, casou-se recentemente e é embaixador da Chapecoense. «Vejo que a complicação está na cabeça, e é assim que faço as coisas. O que mudou foi só o fato de não ter mais perna. Hoje sou um homem de ferro. E quem é de ferro nunca cansa», conclui.

 

Chapecoense: Um ano depois da tragédia
Hélio Neto

 

Chapecoense: Um ano depois da tragédia
Alan Ruschel

 

Chapecoense: Um ano depois da tragédia
Jackson Folmann

 

Lê mais artigos em destaque

Quanto custa um jantar com estrela Michelin?
Quanto custa um jantar com estrela Michelin?

 

15 dicas de Ronaldo para ficares igual ao jogador
15 dicas de Ronaldo para ficares igual ao jogador

 

O que o príncipe não quer que vejas de Meghan
O que o príncipe não quer que vejas de Meghan

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Artigo de
Bruno Seruca

29-11-2017



RELACIONADOS