3-4-3 está de volta? Títulos dizem que sim

3-4-3 está de volta? Títulos dizem que sim

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3-4-3 está de volta? Títulos dizem que sim

Sistema com três centrais esteve esquecido durante vários anos mas parece ter regressado em força. A Juventus domina em Itália e Conte conquistou Inglaterra com recurso ao 3-4-3. Serão os únicos?

Artigo de Hugo Mesquita

28-06-2017

A Juventus ganhar um título em 3-4-3 só é novidade para os mais distraídos. A mesma regra pode se aplicar a António Conte – foi tricampeão italiano ao leme da ‘vecchia signora’. Este ano, os dois protagonistas mantêm a tradição e são ambos campeões nacionais. A Juve, em Itália com Allegri, e Conte em Inglaterra com o Chelsea. Dois dos campeonatos mais importantes da Europa conquistados com recurso a um sistema de três centrais, uma maneira de abordar o jogo que se julgava ultrapassada. Mas estará mesmo?

A maneira tranquila com que o Chelsea venceu a liga inglesa deixou meio mundo de boca aberta. O mundo do futebol esperava com ansiedade o embate entre as duas equipas de Manchester. De um lado, o United de Mourinho e do outro, o City de Guardiola. Qualquer outro vencedor que não fosse um dos dois seria à partida uma grande surpresa, quase tão grande como a conquista, no ano anterior, do Leicester de Ranieri. O péssimo 10.º lugar do Chelsea na época anterior, a juntar a um Conte sem provas dadas fora de Itália, previam que o título fosse apenas uma miragem para os ‘blues’. A equipa de Conte até partia atrás (na corrida dos favoritos) de Liverpool, Arsenal ou Tottenham, mas acabou por acontecer precisamente o contrário.

A ausência das competições europeias e a “não-pressão” de ser campeão permitiu ao coletivo crescer e tornar-se numa equipa bastante competitiva. A equipa de John Terry assimilou bem o 3-4-3 e tornou-se numa equipa muito difícil de bater. Curiosamente, o jogo em que a equipa sentiu mais dificuldades, e onde foi claramente dominada, foi contra o Tottenham de Pocchetino, que nesse jogo também optou pelo esquema com três centrais, acabando por vencer o jogo por 2-0, no White Hart Lane.

Conte à conquista de Inglaterra

Courtois na baliza, tridente de centrais com Cahill, David Luiz e Azpilicueta, Moses e Alonso nas faixas, Matic e Kanté no miolo e na frente Pedro, Hazard e o goleador da equipa Diego Costa. Foi com esta receita que o Chelsea acabou por vencer o título inglês, beneficiando do menor número de jogos e consequente menor carga física sobre os jogadores. Para além disso, elementos como Fàbregas e Willian foram rodando com qualidade com os elementos habitualmente titulares, seja no decorrer dos jogos ou mesmo em partidas em que os titulares estivessem indisponíveis.

Será sempre necessário analisar o segundo ano desta equipa porque a exigência será maior com a presença nas competições europeias. A equipa terá certamente que ser gerida de uma outra forma e o atual plantel não tem a profundidade necessária para uma saudável rotatividade.E dado os rumores que vão surgindo na imprensa, a equipa vai sofrer profundas alterações na sua equipa tipo, como são as mais que prováveis saídas de Diego Costa e Nemanja Matic.

Itália da Vecchia Signora

No país da bota, a ‘Vecchia Signora’ é hexacampeã, conquistou a Taça de Itália e chegou à final da Liga dos Campeões, onde foi derrota pelo Real Madrid de Cristiano Ronaldo. Melhores predicados para esta época são quase impossíveis, a equipa de Turim domesticamente apenas perdeu a Supertaça em dezembro, nos penaltis contra o Milan. O esquema não é novo na equipa, a saída de Pogba foi bem “remendada” por Pjanic e a adaptação de Mandzukic a um papel mais de construção, do lado esquerdo, onde muitas vezes aparecia Pogba, resultou a todos os níveis. A par do Mónaco que surpreendeu tudo e todos, a Juventus é considerada por muitos como uma das equipas que melhor pratica futebol no momento. Defensivamente, restarão poucas dúvidas como é a melhor. A veterania da defensiva, e os vários anos a jogar juntos, em muito contribuíram para isso.

O novo Dortmund

Na Alemanha, Thomas Tuchel tem utilizado ocasionalmente o 3-4-3 no seu Dortmund, mas nem sempre com sucesso. A juventude do elenco de jogadores à disposição e a do próprio treinador poderão ser um dos motivos para que a tática ainda não tenha surtido o devido efeito. Competir num campeonato com o supra-sumo Bayern é sempre uma missão ingrata mas, depois do feito do Mónaco, em França, e do Leicester, em Inglaterra, tudo é possível. Tuchel saiu e entrou para o seu lugar o holandês, Peter Bosz, não sendo ainda claro que tipo de sistema usará. Certo será apenas que a aposta do clube em jogadores mais jovens deverá se manter, visto que o treinador holandês, apesar de ter perdido o campeonato do país das tulipas, foi à final da Liga Europa com um plantel do Ajax composto essencialmente por jovens, onde perdeu por dois zero contra o Manchester United de José Mourinho.

3-4-3 por cá

Na Península Ibérica é sistema ainda pouco conhecido. O tradicional 4-3-3 e, sobretudo em Portugal, o 4-4-2, são os esquemas táticos mais utilizados. Equipa com três centrais, temos algumas tentativas do Sporting de Jorge Jesus, na Liga dos Campeões, que acabou por não correr da melhor forma, e o Barcelona em alguns momentos, com Guardiola ao leme, por exemplo, chegou a acontecer, mas com o tridente MSN com um pendor tão ofensivo, é necessária uma maior cautela defensiva.

Num futuro próximo, não é expectável que entre as equipas mais poderosas de ambos os campeonatos, alguma venha a utilizar o 3-4-3. O Porto tem Sérgio Conceição como novo treinador mas deverá manter a linha defensiva composta por 4 homens. Apesar das mudanças na Liga dos Campeões o ano passado, Jesus deverá manter-se fiel ao “seu” 4-4-2. No Benfica, enquanto houver Jonas, será muito difícil mudar de esquema tático. Real e Barça também não deverão mexer muito nas suas estruturas.

Posto isto, a moda que está a invadir o futebol europeu ainda não chegou aqui e pelos indícios, ainda estará algo longe de chegar.

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Artigo de
Hugo Mesquita

28-06-2017



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