A forma do Óscar numa noite sem surpresas

A forma do Óscar numa noite sem surpresas

Culto

A forma do Óscar numa noite sem surpresas

A 90ª edição dos Óscares fica marcada pela ausência de surpresas. «A Forma da Água» e Guillermo del Toro foram os grandes vencedores da noite.

Artigo de Bruno Seruca

05-03-2018

A equipa de produção era a mesma. Tal como o apresentador, Jimmy Kimmel. Mas a falta de surpresas não se fica pela organização da 90ª cerimónia de entrega dos Óscares. Os vencedores do evento promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas também acabaram por não surpreender. «A Forma da Água» é o filme da noite e Guillermo del Toro um dos homens em maior destaque. Pelos prémios e pela mensagem passada no momento da consagração. Tudo isto e muito mais numa noite em que o preto não foi a cor da noite.

 

 

«A Forma da Água» era visto como o mais forte candidato ao Óscar de Melhor Filme. Havia quem acreditasse que a estatueta dourada poderia ser entregue a «Três Cartazes à Beira da Estrada», mas o galardão foi mesmo para o filme de Guillermo del Toro. O realizador mexicano levou ainda para casa o Óscar para Melhor Realizador. E foi no momento da consagração que Guillermo del Toro protagonizou um dos momentos da noite ao deixar uma mensagem a Donald Trump, o polémico presidente norte-americano, centrada na importância de «apagar fronteiras». «Sou um imigrante, como Alfonso [Cuarón], Gael [Garcia Bernal] e muitos de vocês. A melhor coisa no nosso setor é poder apagar as linhas, as fronteiras. Muros só vão piorar as coisas», disse. «A Forma da Água» conquistou ainda os Óscares de Melhor Banda Sonora e Melhor Direção de Arte.

 

«A Forma da Água» foi o grande vencedor da noite.

 

As mais altas distinções individuais também foram entregues a quem mais se esperava. Gary Oldman, que vinha sendo bastante elogiado pela forma como deu vida a Winston Churchill em «Dunkirk» foi o vencedor do Óscar para Melhor Ator. Frances McDormand foi eleita a melhor atriz graças à prestação em «Três Cartazes à Beira da Estrada». Também nos atores secundários não existiu qualquer surpresa. Sam Rockwell «Três Cartazes à Beira da Estrada» e Aliison Janney «Eu, Tonya» acabaram por ganhar, tal como era esperado.

 

 

 

«A Forma da Água» foi o grande vencedor da noite com a conquista de quatro Óscares. Segue-se «Dunkirk», com três. E «Três Cartazes à Beira da Estrada» e «Balde Runner 2049» com dois prémios. A noite fica ainda marcada por algumas curiosidades. Guillermo del Toro garantiu a quarta vitória de um realizador mexicano nos últimos cinco anos. «Uma Mulher Fantástica» tornou-se no primeiro filme protagonizado por uma pessoa transexual a ganhar um Óscar [Melhor Filme Estrangeiro]. James Ivory, com 89 anos de idade, é o homem mais velho a ganhar uma estatueta dourada [Melhor Argumento Adaptado com «Chama-me Pelo Teu Nome»]. Jordan Peele é o primeiro negro a conquistar o galardão de Melhor Argumento Original com «Foge». O diretor de fotografia Roger Deakins finalmente ganhou um prémio após 14 nomeações. E até o basquetebolista Kobe Bryant arrecadou um Óscar com a curta «Dear Basketball».

 

A noite ficou marcada por mensagens relacionadas com o escândalo de assédio sexual e também contra Donald Trump.

 

Ao contrário do que vinha acontecendo em outras cerimónias de entrega de prémios, o preto não foi a cor da noite. Algo que também já se esperava. O que não significa que a cerimónia de entrega dos Óscares, que decorreu no Dolby Theatre, em Los Angeles, tenha passado ao lado do escândalo relacionado com assédio sexual que tem dado a conhecer o lado negro de Hollywood.

E a mensagem começou logo no discurso inicial de Jimmy Kimmel. «No ano em que os homens se equivocaram tanto, as mulheres começaram a sair com peixes», disse, numa alusão ao filme «A Forma da Água». O apresentador salientou ainda que apenas 11% dos filmes são feitos por mulheres. Kimmel decicou ainda algumas palavras a Harvey Weinstein, alvo de dezenas de acusações. «Nós não podemos deixar que o mau comportamento continue a acontecer, o mundo está de olho em nós, precisamos de dar o exemplo», referiu.

Também a atriz Ashley Judd deu voz às mulheres que decidiram gritar basta! «As mudanças vêm de novas vozes, vozes diferentes. Um coro poderoso está a dizer: “time’s up” [chegou a hora]. Gostaríamos de falar dessas pessoas que deram tudo e acabaram com essa discussão enviesada em relação a género e etnia», disse.

 

 

Fotos: Reuters

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Artigo de
Bruno Seruca

05-03-2018



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